22/08/2023
Cotidiano

Apesar de proibição, circo utiliza animais em espetáculos

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Quem assiste o espetáculo circense que está sendo apresentado em Guarapuava não vê elefantes, zebras, macacos, cães adestrados e outros animais típicos de circo. Uma lei municipal proposta pelo vereador Nélio Gomes da Costa (PSDB) proíbe a apresentação, manutenção e a utilização, sob qualquer forma, de animais selvagens ou domésticos, nativos ou exóticos em circos ou outros semelhantes em Guarapuava.

Apesar de garantir que não mais utiliza animais, o sócio proprietário do circo Pop Stars, que está na cidade há cerca de 10 dias, Claudio Rodrigues (foto), diz que numa das semanas uma das partes do espetáculo era a doma de búfalos, vacas e touros oriundos de propriedades da região.
“A doma é uma tradição gaúcha e uma profissão,” diz Rodrigues. Os animais são levados ao circo às 20 horas e quando acaba o espetáculo são devolvidos ao lugar de origem.

Uma pessoa que foi ao circo no domingo (8), porém, entrou em contato com a RSN e disse que essa prática foi mostrada nesse dia.
“É uma cena que choca porque o animal não queria entrar na arena e o domador explicava ao público que era por causa da iluminação. O animal é empurrado enquanto explicavam que a doma é uma tradição gaúcha, mas havia um palhaço com roupa de toureiro espanhol”, critica o guarapuavano que pediu para não ser identificado.
De acordo com Rodrigues, os espetáculos obedecem um cronograma. Ele confirma que na primeira semana houve a doma de animais.

A lei municipal é bem clara quando diz na súmula que “proíbe a apresentação, manutenção e a utilização, sob qualquer forma, de animais selvagens ou domésticos, nativos ou exóticos em circos ou outros assemelhados em Guarapuava.”

Se as pessoas mais críticas em relação ao não cumprimento da lei observam essa questão, o circense reclama que a ausência de animais provoca prejuízos na bilheteria. “O público do circo diminuiu cerca de 70%”, diz.

Claudio Rodrigues, que faz parte da quinta geração do circo, reconhece que donos de alguns circos maltratavam os animais, e por esse motivo, os outros estão sendo prejudicados. “Um, dois ou três circos podem ter maltratado os animais, mas acabou sendo generalizado. O circo sofre uma discriminação”, reclama.

O circense sugere que seja criado um órgão que possa fiscalizar os circos. E que seja criada uma lei determinando os cuidados que se deve ter com os animais. “Nós precisamos de regras e alguém que fiscalize. Sem maltrato e com uma lei, os animais podem voltar ao circo”, defende.

Pessoas que foram ao espetáculo também criticam a parte do show que é chamada de “cervejada” quando são convidados voluntários que compõem a plateia para entrar na arena de rodeio. Cada um recebe uma cerveja para tomar e deve ficar no centro do palco segurando um tonel, enquanto tenta escapar do animal que está participando da doma. Quem fica mais tempo segurando o tonel é o vencedor da brincadeira.

Cristina Esteche

Jornalista

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