22/08/2023

João Riehs Onofre desvendando o jogo da escrita

Detetives Insólitos é um livro de contos que fala sobre as transformações que estão ocorrendo o tempo todo, em nossas células e no ambiente ao nosso redor

João Riehs Onofre (Foto: Arquivo Pessoal)

João Riehs Onofre, nasceu em 1986 e é um guarapuavano apaixonado pela escrita e pelos lugares que ela o leva. Para ele, é como as lentes, que ora o ajudam enxergar melhor o mundo, ora evitam que este lhe queime os olhos.

O psicólogo e escritor, começou a apresentar alguma intenção literária com 12 anos de idade. “Eram alguns versos e aforismos que eu rabiscava em uma agenda velha. Acho que o exercício de escrita daquela época tem muita relação com o que faço hoje em dia, considerando o ato de escrever propriamente dito”.

ESCRITA

No processo de escrita, ele diz que tem algo de jogo, de brincadeira, como se fosse possível criar um espaço entre a realidade compartilhada e o próprio mundo.

“Acho que para nós, seres falantes/simbólicos, a linguagem está entrelaçada a tudo que nos cerca, pensamos o mundo e nos relacionamos uns com os outros através dela.”

De acordo com João, escrever seria uma maneira de usá-la para se expressar e também para se divertir. Assim, uma das coisas mais legais nesse jogo é a zona nebulosa que se forma, não se sabe exatamente o que o leitor vai interpretar daquilo que foi escrito.

Eu mesmo, várias vezes, vejo minhas narrativas tomarem contornos que não imaginava, como se, em vez de conduzir os personagens por um roteiro pré-determinado, acabasse conduzido junto com eles numa espécie de fluxo.

DETETIVES INSÓLITOS

O livro é uma coletânea de contos, no total são seis. João havia escrito alguns deles e postado no próprio blog. “Não tinha pensado em nenhum tema específico quando os escrevi, mas depois acabei notando que pareciam abordar os mesmos assuntos, o mistério e o absurdo, por exemplo”.

Dessa forma, as diferentes histórias têm em comum a lacuna, o elemento faltante que atua como combustível.

‘Pessoas comuns’, por assim dizer, que, de repente, se deparam com a suposta linearidade das próprias vidas rompidas por algo que não faz sentido e não se revela por completo. Norteado por essa ideia, passei a criar outras histórias, as reuni e enviei para algumas editoras. Acabou dando certo com a Kotter, uma editora de Curitiba.

Além disso, João afirma que para levar a vida precisamos filtrar muitas coisas, anulamos algumas percepções e reflexões para obter sensação de continuidade, sentido e controle.

“Mas as transformações estão ocorrendo o tempo todo, em nossas células e no ambiente ao nosso redor; o absurdo está presente nas relações de poder, na violência, na alienação do trabalho, no acaso que pode atravessar nosso caminho a qualquer momento.”

Livro Detetives Insólitos (Imagem: Reprodução/Kotter)

E os textos que compõem o livro acabam colocando uma lupa sobre essas questões, sem oferecer nenhuma resposta definitiva. “Aliás, eu me interesso mais pela literatura que levanta perguntas, e não por aquela que oferece respostas”.

Afinal, ele vê as palavras como diversão e peças de um quebra-cabeça infinito. Algumas das influências de João são: J. D. Salinger, Roberto Bolaño, João Gilberto Noll, Mario Levrero.

Por fim, o livro Detetives Insólitos está disponível para venda on-line no site da editora Kotter e em outras plataformas de comércio de livros. Também nas lojas físicas em Guarapuava: Gato Preto Discos e Livros e Sebo Akadêmico.

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Jornalista

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