Curitiba – A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) divulga novo levantamento de safra que eleva as perdas de 3 para 5 milhões de toneladas de grãos, entre feijão, soja e milho. A quebra de produção foi provocada pela estiagem entre novembro e dezembro, que atingiu as culturas na fase mais suscetível à falta de água.
Com isso, a estimativa inicial do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria, que previa a colheita de 21,58 milhões de toneladas de grãos da safra de verão foi reduzida para 16,52 milhões de toneladas. A expectativa agora é do retorno das chuvas regulares em praticamente todo o Estado.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, vem adotando medidas para recuperação das perdas com a produção. Por outro lado, como o Paraná é o maior produtor de grãos do País e importante formador de preços, já ocorre reação nos mercados por causa da estiagem, compensando em parte os prejuízos financeiros. O preço da soja subiu 13,8%, o milho aumentou 13,4% e o feijão, 23,1%.
Com essa reação do mercado, os prejuízos financeiros com a quebra da safra estão sendo avaliados em torno de R$ 1 bilhão. Não fosse a quebra de produção, os preços não iriam reagir, disse Bianchini. Portanto, o prejuízo está sendo diluído por essa reação no mercado.
MEDIDAS Bianchini citou que a maior parte das lavouras no Estado é financiada pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que apóia o produtor com o seguro que cobre a dívida de custeio da safra no banco e ainda oferece renda de até R$ 2.500,00 para o agricultor familiar esperar o resultado da próxima safra.
Como medidas emergenciais, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento está agilizando o encaminhamento dos pedidos de perícia das lavouras, para liberar áreas para o plantio da safrinha o mais rápido possível. Bianchini determinou a ida de 100 técnicos ao campo para atender os produtores. Aqueles que estão tendo dificuldades em marcar a perícia podem ligar para o comitê formado pelo secretário da Agricultura nos fones (41) 3250-2329 ou (41) 3313-4033.
O comitê de monitoramento da estiagem, composto por representantes de cooperativas, sindicatos rurais e de trabalhadores na agricultura, está dando todas as condições para que não faltem recursos para o custeio da safrinha de feijão e milho e para o plantio de trigo, a partir de março. Em condições normais de clima, a safrinha poderá reduzir os prejuízos com a safra de verão.
Outra medida é apoiar a comercialização da safra de verão. A Seab junto com o Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para adoção de instrumentos de política agrícola que ajudem o produtor a vender a safra da melhor forma possível.
A Secretaria pretende intensificar ações que incentivam a diversificação da propriedade com os programas de integração lavoura-pecuária, fruticultura e irrigação. Além disso, as recentes chuvas ocorridas em janeiro deram alento ao produtor e ele está antecipando o plantio da safrinha. Conforme levantamento do serviço de meteorologia, choveu bem no Oeste do Estado, acima de 68 milímetros, que pode ajudar na recuperação das lavouras de soja.
O lado bom do plantio antecipado da safrinha é que principalmente as lavouras de feijão e milho escapam dos riscos das geadas, que tradicionalmente afetam as lavouras no ciclo final da cultura.
PRODUÇÃO Conforme levantamento do Deral, a previsão de produção do feijão cai de 610.390 toneladas para 374.987 toneladas, uma redução de 38,6%. As condições climáticas irregulares como seca no início do plantio, excesso de chuvas, baixas temperaturas e ventos frios durante o desenvolvimento das lavouras e para agravar, a estiagem ocorrida em novembro e dezembro nas principais regiões produtoras de feijão, provocaram a quebra de 235.403 toneladas de feijão.
Apesar da perda, o produtor irá ganhar mais por saca comercializada. Em dezembro, a saca de feijão era comercializada por R$ 102,24 no mercado. Em janeiro, o preço pago ao produtor subiu para R$ 125,89 a saca com 60 quilos.
Para o milho, a expectativa inicial de colher 8,72 milhões de toneladas cai para 5,98 milhões de toneladas, uma redução de 2,74 milhões de toneladas, que correspondem a uma quebra de 31,5% na produção. A regularização das chuvas permite o plantio antecipado da safrinha de milho no Paraná, que poderá recuperar parte dessas perdas, disse o secretário Valter Bianchini. Além disso, o preço do milho que estava cotado a R$ 15,22 a saca em dezembro de 2008 reagiu para R$ 17,26 em janeiro, compensando parte das perdas para o produtor.
A quebra na safra de soja está estimada em dois milhões de toneladas. A expectativa inicial era colher 12,79 milhões de toneladas e agora foi reduzida para 10,15 milhões de toneladas, que corresponde a 17% da estimativa inicial de produção. Por causa da estiagem que atingiu não só o Paraná, mas o oeste de Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul, além de partes da Argentina e Paraguai, já houve reações na Bolsa de Chicago, que baliza os preços do grãos no mercado internacional.
Em dezembro, o preço médio recebido pelo produtor de soja foi de R$ 39,46 a saca e agora chegou a R$ 44,89. E a expectativa é de subir ainda mais, compensando as perdas ao agricultor. Na Bolsa de Chicago, a soja em grão havia baixado em dezembro de 2008 para US$ 8,50 por bushel, que corresponde a US$ 312 a tonelada. Neste mês de janeiro, a cotação reagiu para US$ 10 por bushel, que corresponde a US$ 375 a tonelada.
(AEN)