22/08/2023
Cotidiano

Famílias sofrem com alagamentos de casas na Vila Carli

imagem-28653

Quem vai até o final da Rua Conde D´Eu na Vila Carli encontra uma região alagada. Ponto de convergência dos rios Cascavelzinho e Xarquinho, de acordo com moradores, as manilhas que dão vazão à água não suportam o volume quando há incidência de chuvas. O resultado é sentido na pele pelos moradores da região, protagonistas de um drama que se arrasta há anos.

Andrea e Marcio Gartner moram no local há 17 anos e durante esse período enfrentam o mesmo problema. “Já trocamos a mobília da casa duas vezes, porque quando alaga a perde tudo”, diz a mulher que deixou de ir trabalhar nesta segunda-feira com receio de que o volume de água suba e invada a casa. No local, cerca de seis casas já estão tomadas pela água e outras encontram-se em situação de risco. “Não remos mais o que fazer e nem a quem pedir socorro. Já fizemos abaixo-assinado, na Prefeitura ninguém nos atende. É só prejuízo em cima de prejuízo”, reclama dona Sandra Santos, que mora no local há quatro anos.

Na última enchente em 2010 as famílias tiveram que ser retiradas de dentro das casas em barcos do Corpo de Bombeiros. “Não adianta erguer muros para tentar conter a água. Fizemos isso, mas já está quase caindo. Parte de um muro já caiu”, mostra Marcio enquanto caminha pelo terreno totalmente tomado pela água.

Ele lembra que em 2010 por pouco uma pessoa não foi arrastada pela água. “Estávamos ajudando a socorrer as famílias mais atingidas quando minha esposa ouviu gritos. Entrei na água e vi um rapaz agarrado no tronco de uma árvore, mas a correnteza era muito forte. Agarrei-o pela cintura e quando não agüentava mais o Corpo de Bombeiros nos socorreu”, relembra Marcio.
“A vida de pessoas está em jogo e ninguém faz nada. Mas quando é para cobrar o imposto aí nós existimos”, diz dona Sandra.

Se a invasão da água incomoda e pode causar doenças, quando a chuva para, durante 15 dias outra situação ameaça as famílias. Além de colocar na ponta do lápis os prejuízos com a perda de eletrodomésticos, comida, roupas, cobertas, calados e outros produtos, a presença de lixo e de animais é assustadora. “Já pegamos uma capivara, um bugio, cobras, rato do banhado e insetos de todas as espécies. O mau cheiro também é horrível. Sofás, cadeiras, fogão, geladeira e outros eletrodomésticos também descem água abaixo e param no nosso terreno. É muito lixo”, diz Andréia.

Em tempo de estiagem o problema é outro. "Quando foi feito o desvio do rio, deixaram um parte onde a água fica parada e apodrece. Já chamamos a Vigilância Sanitária, mas nada foi feito até agora", reclama Marcio.
A RSN tentou entrar em contato com a Surg e com o Departamento de Obras, mas nenhum dos responsáveis estavam nos locais.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.