Ela é conhecida como a rainha do futebol e também já recebeu o título de melhor jogadora da história. O fato é que, Marta Vieira da Silva, 37 anos, estreou nesta semana a sexta e última Copa do Mundo da qual participará. Acumulando recordes, a menina do sertão alagoana que conquistou o Brasil, foi eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo seis vezes, cinco ocorrendo de maneira consecutiva. Além disso, a maior artilheira da seleção brasileira — masculina e feminina.
Desde então, aquela que seis vezes levou para casa o troféu mais almejado do cenário futebolístico, luta por igualdade quando o quesito é futebol feminino. A atleta teve uma infância humilde no interior de Alagoas. O pai deixou a família quando ela tinha apenas um ano. Desde então, Marta e os três irmãos (Ângela, José e Valdir) foram criados pela mãe Tereza da Silva.
UMA HISTÓRIA DE AMOR PELO GRAMADO
O interesse de Marta pelo futebol surgiu nos primeiros anos de vida. Ainda na infância, gostava de jogar no interior de Alagoas. Era a única menina no grupo, e, em uma época em que o preconceito ainda era muito grande em torno das mulheres no esporte, Marta “ignorou” as críticas e discriminação das pessoas em volta.
Para contribuir com as despesas daa família, dividia o tempo fora dos campos de futebol amador, conhecidos como “pelada”, trabalhando como “carroceira”, empurrando um carrinho de mão com produtos em uma feira local. Além disso, vendia roupas e sacolés, aceitava outros serviços que surgiam na feira e lavava pratos nas casas de amigas para ajudar financeiramente em casa.
Em Santana do Ipanema, Alagoas, na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), acontecia a Copa Infantil de Futsal, uma das principais competições da região. Assim, o técnico Luiz Euclides, conhecido como “Tota”, permitiu que uma menina, Marta, participasse dos jogos com os garotos. No entanto, alguns meninos começaram a ameaçá-la, levando o técnico a tomar uma decisão administrativa que a afastou dos jogos e transformou a competição em uma Copa AABB de Futsal exclusivamente masculina, proibindo a participação feminina.
Apesar da decepção por não poder mais jogar, Marta não desistiu. Pouco tempo depois, o técnico Tota conseguiu agendar testes para ela no Rio de Janeiro, com o Vasco e o Fluminense. Com o dinheiro que conseguiu juntar por meio do trabalho e da ajuda de pessoas próximas, Marta, aos 14 anos, embarcou sozinha em um ônibus rumo ao Rio de Janeiro.
PELO MUNDO
Ela teve a oportunidade de fazer um teste no Vasco e já nos primeiros minutos se destacou entre as outras garotas. Ficou no Vasco por três anos e, posteriormente, foi emprestada ao Santa Cruz, em Minas Gerais. Contudo, a jornada no clube carioca não terminou ali, pois Marta foi negociada e transferida para um clube na Europa.
Umeå IK – Suécia
A rainha do futebol começou a ganhar destaque no mundo quando chegou ao Umeå IK, na Suécia. Por lá ela ficou cinco temporadas (2004-2009) e conseguiu o primeiro prêmio de melhor jogadora de futebol do mundo, em 2006.
Los Angeles Sol – EUA
Em 2009 a atleta foi contratada pela equipe do Los Angeles Sol. Pertenceu ao clube até 2010. Na equipe ela foi artilheira da Liga Nacional dos EUA, levando o time ao segundo lugar do torneio.
Santos – Brasil
Durante o período que era atleta do Los Angeles Sol, ela foi emprestada ao Santos por três meses. No clube brasileiro, foi campeã da Copa Libertadores e Copa do Brasil feminina, em 2009. Ela também voltou em 2010, atuando por apenas dois meses.
FC Gold Pride – EUA
Voltou ao Los Angeles Sol e ficou disponível para o draft (atletas de clubes que encerraram as atividades ficam liberados para serem contratados por outras equipes). A jogadora foi escolhida pelo FC Gold Pride e foi, em 2010, artilheira da Liga Nacional pela segunda vez, levando a equipe ao título.
Western New York Flash – EUA
Dessa vez, a jogadora reforçou o Western New York Flash. Em 2011 a equipe também foi campeã da liga.
Tyreso FF – Suécia
A jogadora voltou ao país onde mais se destacou no futebol, em 2012. Dessa vez, ela vestiu a camisa do Tyreso FF por dois anos. A equipe foi campeã nacional e vice-campeã europeia entre 2013-2014.
FC Rosengård – Suécia
Marta chegou ao FC Rosengård em 2014, após falência do Tyreso. O seu contrato era de seis meses com possibilidade de prorrogação, o que acabou acontecendo. No Rosengård, a jogadora foi bicampeã da Liga da Suécia, em 2014 e 2015. No ano seguinte, o time foi vice-campeão.
Orlando Pride – EUA
O Orlando Pride, dos Estados Unidos, contratou em 2017 e é o atual clube da jogadora brasileira. A equipe ainda não conquistou títulos.
Com a equipe nacional, foi campeã dos Jogos Pan-americanos de 2003 e 2007. Nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, a equipe foi vice-campeã.
Em 2007, ajudou a Seleção a chegar pela primeira vez numa final de Copa do Mundo. Apesar de não ter levado o título do torneio, a jogadora marcou o gol mais bonito da competição na semifinal, o que levou o Brasil para a decisão.
O RECONHECIMENTO E LUTA
Kerolin, que disputa a Copa pela primeira vez, expressou que palavras não são suficientes para descrever a grandeza de Marta. O título almejado pela equipe é também uma forma de coroar a trajetória.
A equipe se inspira na conquista da Argentina na Copa do Mundo masculina de 2022, que concedeu a Messi o tão desejado título. Assim como Messi, Marta merece a glória de uma conquista pelo impacto que causou na história do futebol feminino.
Nascida em 19 de fevereiro de 1986, a menina hoje reconhecida no mundo, cresceu em Dois Riachos, uma cidade pequena, sendo criada pela mãe e a avó. Em uma entrevista à CBF, Marta expressou que a realização de títulos é importante, mas o verdadeiro sonho é ver o futebol feminino progredir e ser considerado normal e constante na TV, permitindo que meninas sonhem em ser atletas e sigam uma carreira no esporte.
https://www.youtube.com/watch?v=D0xMFt_4Llw
Após assumir um cargo na ONU voltado à equidade no esporte, Marta enfatizou que a mudança para a igualdade de condições entre gêneros precisa ocorrer.
(*Com informações Brasil Escola)