Guarapuava – Além dos reflexos da crise global, produtores ainda sofrem as conseqüências da seca. As estimativas de perdas potenciais derivadas de problemas climáticos nos Estados do Sul do país e em Mato Grosso do Sul já superam R$ 500 milhões nas duas modalidades de seguro rural apoiadas pelo governo federal.
Nas operações de custeio contratadas no Banco do Brasil, onde parte do prêmio do seguro rural é bancado pelo governo, os prejuízos passíveis de indenização registrados pela instituição somam R$ 100 milhões. Os contratos sob garantia do seguro oficial de crédito (Proagro), têm perdas potenciais de R$ 400 milhões, informa o Banco Central.
Um grupo de especialistas dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura avaliou que a situação ainda não se configura “alarmante”, exigindo apenas ações “pontuais e específicas” do governo em alguns municípios da região sul e do Estado de Mato Grosso do Sul. A maior preocupação está nas operações de custeio pecuário e investimentos sem cobertura do seguro.
Nas operações cobertas pelo Banco do Brasil, que somaram R$ 7,5 bilhões nesta safra, os prejuízos chegaram a 8,7% do total de 35,8 mil apólices de custeio. No Proagro, cuja garantia está limitada a R$ 150 mil dos financiamentos e recursos próprios usados no plantio das lavouras, as eventuais indenizações atingiriam 6,9% do universo de 485 mil contratos. A carteira do Proagro nesta safra soma R$ 5 bilhões.
Os comunicados de perdas feitos pelos produtores apontam uma concentração dos problemas no Paraná e Rio Grande do Sul. No Banco do Brasil, as perdas potenciais dos dois Estados somam 2.706 comunicados, ou 86,5% do total informado.
No Proagro, os virtuais prejuízos de paranaenses e gaúchos chegariam a 30.042 operações – ou 90% do total. Embora atingidos pela seca, os Estados de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul têm condições extremas localizadas em algumas poucas microrregiões. No Proagro, os comunicados de perdas estão restritos a 3.328 operações catarinenses e apenas 112 sul-mato-grossenses.
Em Guarapuava, os casos de seguros rurais acionados são insignificantes. Quase zero em vista do número de 4 mil contratos que temos. São cerca de 10 casos em que os clientes comunicaram e pediram que aguardássemos a colheita, isso tanto para a agricultura familiar, como para a empresarial. Os problemas da seca não chegaram nem perto do que aconteceu no sudoeste do Paraná e Rio Grande do Sul, comenta o gerente geral do Banco do Brasil, agência de Guarapuava, Derli Gilberto Vendrúsculo.
Dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração mostram notificações de desastres climáticos em oito municípios do Paraná – Cafelândia, Santa Helena, Francisco Beltrão, Itapejara DOeste, Irati, Manoel Ribas, Paranaguá e Santo Antônio da Platina. Já em Santa Catarina, houve cinco comunicados em Dionísio Cerqueira, Jaguaruna, Nova Veneza, Praia Grande e Siderópolis. No Rio Grande do Sul, são 71 municípios atingidos pela estiagem, vendavais, tempestades, granizo ou inundações bruscas. Até agora, Mato Grosso do Sul não tem registros de desastres climáticos, segundo a Defesa Civil.
Agronegócio
Seca exige R$ 500 milhões de seguros; Guarapuava não apresenta casos
- Por Cristina Esteche
- 26/01/2009