22/08/2023
Cotidiano Saúde

Metade dos transtornos mentais tem início antes dos 14 anos

Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio alerta que transtornos mentais, como a depressão, têm se manifestado cada vez mais cedo

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Metade dos transtornos mentais tem início antes dos 14 anos (Foto: Reprodução/Freepik)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida em todo o mundo. Além disso, segundo a organização, o número pode chegar a 1 milhão se forem considerados os casos não registrados.

Hoje, 10 de setembro, é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. No Brasil, são aproximadamente 14 mil suicídios todos os anos — uma média de 38 pessoas por dia. Especialistas apontam que a maioria é relacionada a transtornos mentais, como depressão, e alertam que esses problemas têm se manifestado cada vez mais cedo.

Conforme o psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, pesquisas indicam que 75% dos transtornos mentais do adulto começam antes dos 24 anos. Em entrevista à Agência Brasil, o pisiquiatra afirmou que no caso dos adolescentes, metade tem início antes dos 14 anos.

“A gente acaba vendo o indivíduo que está deprimido com 20, com 30 anos, mas na verdade a doença, a maioria, começou muito mais cedo”. Um dos problemas que têm se apresentado cada vez mais cedo é a autolesão. Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostou que 83% dos casos parecem ocorrer por causa de conflitos familiares não resolvidos.

Esse tipo de comportamento começa a se apresentar cada vez mais cedo, por volta dos 10 anos. Muitas vezes, quem se autolesiona costuma cobrir braços e pernas com roupas de mangas compridas como moletons. Mas pode também utilizar outros artifícios, como pulseiras.

COMO AJUDAR

Os especialistas também indicam a importância de alunos e professores terem conhecimento em saúde mental para reconhecerem quem precisa de ajuda. Conforme o estudo da UFF, as partes do corpo escolhidas para a autolesão, na maior parte dos casos, são braços, mãos ou pulsos: 94,1%. Em 88,5% dos casos, são utilizados objetos cortantes, como gilete, apontador e estilete.

Para a psicóloga Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, de prevenção do suicídio, na maioria das vezes, a autolesão é um pedido de ajuda. De acordo com ela, existem alguns jovens que vão experimentar esse comportamento por curiosidade, o que também exige atenção. Se isso acontecer repetidamente, o alerta tem que ser ligado.

Nesse casos, a psicóloga explica que o jovem pode estar sofrendo bullying, cyberbullying, abuso físico, sexual ou de substância. Ou, ainda, problemas psiquiátricos e conflitos pessoais. “O que a gente tem visto é uma baixa tolerância às frustrações. E a autolesão é vista como uma forma de alívio”.

Rodrigo Bressan explica que a conversa com o adolescente, em situações como essas, é sempre delicada. Não se pode ter uma postura arrogante, nem com rótulos. Também não se deve dizer que a pessoa está fazendo algo errado ou que é “maluca”.

Ademais, não se pode criar barreiras, mas, sim, mostrar a percepção de um comportamento diferente. “Você dá a autoria da conversa para o adolescente. Quando ele tem autoria, a chance de ele se abrir para conversar aumenta”. Além disso, “todo o comentário, mesmo que nas entrelinhas, de julgamento afasta o adolescente”.

PROCURE AJUDA

Para quem precisa de ajuda, o site Mapa Saúde Mental traz um mapeamento de locais, em todo o país, que oferecem atendimento em saúde mental. O Centro de Valorização da Vida (CVV) atende pelo telefone 188 ou no site cvv.org.br.

Em caso de necessidade, também é possível conseguir ajuda em centros de Atenção Psicossocial (CAPs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende pelo número 192.

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Antunes

Jornalista

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