A interdição da PR-170 por assentados e posseiros em Guarapuava segue tendo desdobramentos. Nesta sexta (20) a Polícia Militar cumpriu mandados e abordou cerca de 200 manifestantes que estavam no Assentamento Nova Geração. Desses, 11 acabaram encaminhados à Polícia Civil.
Por conta disso, o Movimento Sem Terra (MST) publicou uma nota de repúdio dizendo que a “Polícia Militar atacou o assentamento, cometendo abusos e prendendo camponeses”. De acordo com a PM a ação ocorreu após manifestantes descumprirem a Liminar de Interdito Proibitório nessa quinta (19).
Na data, segundo a polícia, os integrantes do movimento também agrediram e ameaçaram três PM’s que compareceram ao local para negociar a desocupação da rodovia. Já o MST publicou que a operação da PM tratou-se de “um ataque violento […] envolvendo cerca de 100 policiais militares”.
Segundo o movimento, 11 moradores do assentamento acabaram levados para a delegacia da cidade. No entanto os PM’s possuíam, formalmente, apenas dois mandados de prisão, busca e apreensão. De acordo com a Polícia Militar, durante o cumprimento dos mandados, a equipe encontrou armas e munições em veículos e nas casas de moradores do local.
No endereço de um homem de 45 anos havia uma espingarda de marca e calibre indefinido. No carro de outros homem de 30 anos e 33 anos os policiais encontraram duas pistolas marca Taurus, calibre 9mm. Junto com uma arma havia 20 munições intactas, divididas em dois carregadores. Já com a outra 10 munições no carregador.
Os policiais também conduziram à Polícia Judiciária outro homem 58 anos que tinha no carro dele nove munições intactas e uma deflagrada de calibre 38. As outras seis pessoas acabaram presas pois foram identificadas como responsáveis pelas agressões aos policiais militares. Conforme as informações, os suspeitos estão sendo ouvidos pelo delegado de Polícia que preside o Inquérito Policial.
NOTA DO MST-PR
Segundo o MST-PR os policiais chegaram ao local por volta das 6h e cercaram o centro comunitário do assentamento, que fica às margens da PR 170. “Aproximadamente 100 pessoas estavam alojadas desde o dia 18, participando de mobilizações pela regularização fundiária na Região”.
Eles também aguardavam uma audiência com órgãos públicos, marcada para ocorrer na tarde desta sexta (20). A reunião tomou a tarde desta sexta e ainda não há informações sobre o que ficou decidido.
Além de impedir a comunicação e o deslocamento das pessoas alojadas no espaço, todos os demais moradores da comunidade foram impedidos de entrar ou sair do local. Assentados que trabalham em empresas da região relatam que tiveram pneus de veículos furados e não puderam sair para o trabalho. Somente por volta das 10h é que a entrada e saída foram liberadas.
De acordo com as famílias assentadas, os policiais militares “invadiram” as casas sem apresentar mandado judicial. Segundo a nota, há vários relatos de danos às casas, extravio de documentos e roupas, e apreensão de instrumentos de trabalho como enxadas, facões e foices.
NOTA DA FIEP
A repercussão do bloqueio da PR-170 tem opiniões diferentes. Se o MST defende os assentados e posseiros e o direito da luta pela terra, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), repudia a ação. Entidade que representa os produtores rurais do Paraná, a Faep se posiciona contrária à interdição da rodovia.
Em nota, a Faep diz que os manifestantes “agrediram e fizeram reféns” dois policiais militares do 16º Batalhão de Polícia Militar, que estiveram no local para negociar a liberação da estrada. A nota assinada pelo presidente Ágide Meneguette, lamenta a atitude.
“É lamentável que atos como esse ainda ocorram, trazendo insegurança para a sociedade e tensão para os milhares de usuários das rodovias. Ainda, o bloqueio de qualquer estrada gera transtornos para os usuários e prejuízos para a economia estadual.
Diante desta situação de total desrespeito à lei, a FAEP se solidariza com os dois policiais agredidos e seus familiares e pede providências às autoridades competentes, como a Secretaria Estadual de Segurança Pública, para que sejam tomadas as medidas cabíveis“.
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