Um momento de dor que acabou se transformando em esperança. É dessa forma que a família vê a morte de Ewerton Luis Ramos. Conforme a irmã, Adeline Ramos, de 48 anos, eles decidiram fazer a doação dos órgãos. “Ele tinha uma coisa de querer unir as pessoas, queria unir a família. Então, que ele seja isso em outras pessoas. Que ele continue brilhando, como sempre ele brilhou”.
O procedimento de retirada de órgãos ainda está ocorrendo, por isso a irmã ainda não sabe o que será doado. Entretanto, segundo ela, ele vai poder doar vários órgãos. No Brasil, a retirada só ocorre com a autorização familiar. Assim, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador, o procedimento só ocorre se a família autorizar.
No caso da família de Ewerton, a irmã Adeline trabalha na área da Saúde e sabia da importância da doação de órgãos. “Eu sei ainda do preconceito e da relutância que muita gente tem em fazer a doação. Por isso, e por ele também, eu resolvi fazer”.
A gente quer que o Ewerton viva em outras pessoas, viva em outros lugares. Eu não sei se vai ajudar alguém perto ou longe. Mas quero que quem ele ajudar, quem receber, que essa pessoa seja muito, muito feliz, como ele foi. Como ele deixou muita gente feliz também.
Ao Portal RSN, Adeline afirmou que Ewerton era um anjo na vida da família. Ele tinha a rara Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG), e dependia totalmente de alguém para o ajudar a ir ao banheiro, para comer e para se locomover. Aos 44 anos, conforme a irmã, ele tinha uma mentalidade de cerca de três anos.
Apesar disso, ela conta que ele adorava fazer festa e estar com a família. “Ele amava praia e alagado, se você perguntasse pra ele, pra onde ele queria ir, ele queria ir pra praia ou pro alagado”. Além disso, era um grande fã de música sertaneja. Ouvia muito Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano, Daniel e Padre Zezinho.
Eu decidi fazer a doação dos órgãos dele para ele continuar a vida que ele tanto gostou de viver. Ele tinha aquela garra, passou por um monte de coisa, ficou doente, teve covid e tudo. Então eu optei por ele continuar vivendo em outras pessoas, que ainda têm muitos planos para viver.
Com uma trajetória agitada, Ewerton passou por momentos difíceis durante a vida. Limitado em diversos sentidos, ele não podia caminhar devido às epilepsias. “Teve épocas em que ele chegou a ter 15 crises durante o dia e isso foi limitando muito ele, no crescimento, em tudo”.
Após o falecimento da mãe, Ewerton ficou sob os cuidados da irmã. Desde então, ela cumpria o papel de cuidadora em dose dupla, como mãe e irmã. Em 2021, ele acabou sendo infectado pelo vírus da covid-19 e ficou 34 dias no hospital, sendo cerca de 20 dias entubado. Por causa das complicações causadas pela doença, ele teve um problema no intestino algum tempo depois e teve que fazer uma cirurgia de emergência.
Em outubro de 2022, conforme a irmã, ele retirou a traqueia e estava bem. Mas, na madrugada de domingo (12) para segunda (13), ele teve uma parada respiratória. Como demorou para voltar, teve morte cerebral confirmada. “Hoje ele foi morar no céu, num lugar que todo anjo tem que estar”. O velório de Ewerton começa a partir das 19h na Capela Cristo Rei e o sepultamento ocorre às 15h desta sexta (17) no Cemitério Municipal.
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