22/08/2023
Política

A mulher na política pautou encontro entre vereadoras e ex

O final da tarde desta quinta-feira foi marcado por encontro entre as duas vereadores que compõem a bancada feminina na Câmara de Guarapuava e outras duas parlamentares. O café que teve como anfitriã a vereadora Eva Schran (PHS) reuniu Maria José Mandu Ribas (PSDB), Maria Magdalena Nerone (PHS) e Neuzi Gonçalves (sem partido).

A conversa que servirá como subsídio para uma pesquisa acadêmica que está sendo realizada por Eva Schran teve como tema a participação da mulher no cenário político brasileiro, com um recorte local. Até as últimas eleições de 2008 Guarapuava teve apenas 7 mulheres vereadoras: Carmem Izidoro, Almira Angelucci, Marli Rosa, Maria José Mandu Ribas, Maria Magdalena Nerone, Neuzi Gonçalves e Eva Schran.

Mas o que motivou essas mulheres a terem uma participação política efetiva, encarando uma campanha eleitoral?

A primeira a responder essa pergunta foi a ex-vereadora Maria Magdalena Nerone. O “pano-de-fundo” da sua entrada para a política partidária foi uma pesquisa científica sobre comunidades faxinalenses na are de sociologia. A convivência com comunidades no município de Rebouças, a participação política dos agricultores como candidatos a vereador e a vice-prefeito, o desconhecimento de juízes, promotores em julgamentos cujas sentenças são dadas à revelia do conhecimento da vida dessas comunidades, o descaso de políticos, foram alguns fatores que contribuíram para a decisão da ex-vereadora.
“Eu sempre tive aversão à política. Meu pai era político e eu vi coisas que provocaram essa aversão, mas a pergunta feita pela comunidade onde fiz a minha pesquisa sobre o que eu poderia fazer por eles me fez pensar: será que concluo a minha pesquisa e vou embora e os deixo aqui? Mudei o rumo da pesquisa e comecei a ter contato com juízes, com promotores, com políticos e vi que eles nãos abem nada daquela realidade. Esse comportamento me causou profunda indignação”, revela a socióloga.

Somou-se a essa reflexão outro pedido feito pelo Grupo Bom Pastor, movimento ligado a Igreja Católica, de que era necessária uma candidata mulher. “Levei susto, porque até então eu só estava indignada.

Após conversas e, principalmente, pela vontade de lutar por uma nova cultura política, por uma nova maneira de fazer política , decidi me candidatar. Estava no PSDB e fiquei como primeira suplente. Me faltaram 9 votos. Depois me filiei ao PHS pela ideologia do partido e me elegi”, relata.

Exercendo o terceiro mandato consecutivo, Maria José Mandu Ribas lembrou que é enfermeira desde 1984. Foram os problemas na área da saúde, os indicadores desfavoráveis que eram maiores na época e a baixa participação da mulher na política que a motivaram a encarar uma candidatura.
“Os problemas eram muito grandes, mas implantamos vários programas”, afirmou.

O incentivo para que Neuzi Gonçalves encarasse uma candidatura nasceu do seu esposo, o ex-vereador Mariano Rogenski. “Eu trabalhei na campanha dele e as pessoas pediram para que eu saísse candidata e eu aceitei. Me elegi pelo PP. Mas hoje estou sem partido e tenho aversão à política”, declarou.

Militante do Movimento de Mulheres do Bairro Primavera, berço da sua candidatura e pautada pelo projeto Pelo Bem Comum, Eva Schran (PHS) lembrou o desafio que a levou a ser vereadora. “Tínhamos 4 candidatos e o Movimento de Mulheres me chamou dizendo que deveríamos ter uma representante. No início coloquei o meu nome com a intenção de ser substituída mas acabei me envolvendo porque também vi que apenas 8% das mulheres brasileiras tem atuação política”, comentou. “Minha luta não tem sido fácil, mas vejo que muitas pessoas reconhecem meu trabalho, que é lutar pelo bem comum, e elas agradecem”, declarou.

A vereadora ainda lembrou-se da importância da figura feminina na política. “Venho analisando o papel da mulher na sociedade há muito tempo, e vejo que nas últimas décadas muita coisa mudou, e agora a mulher já sabe liderar e se desprendeu do homem. Porém, ainda falta ousadia de muitas delas, que ainda acreditam que na política a mulher não faz diferença. E estamos aqui para provar ao contrário”.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo