Jornalista faz protesto solitário na XV de Novembro

Ele prometeu nas redes sociais e cumpriu. O jornalista Mauro Xavier Biazi vestiu roupa preta e com uma bandeira do Brasil nas mãos compareceu ao desfile militar neste 7 de Setembro em Guarapuava. Parou nas proximidades do palanque oficial e assistiu a solenidade física patrocinada pelos militares e não escondeu a sua indignação com o cancelamento do desfile cívico que levava centenas de estudantes à rua no Dia da Independência do Brasil.

"É incrível! Estão conseguindo acabar com coisas que são imutáveis. Já mudaram até do dia do aniversário da cidade. Se você perguntar a uma criança, a um jovem, qual é essa data ninguém mais sabe se é 17 de julho ou 9 de dezembro. E agora não temos mais desfile", afirma. A primeira referência do jornalista é que para comemorar os 200 anos do município ainda sob a sua gestão, o prefeito Fernando Ribas Carli puxou as comemorações do aniversário da cidade para 17 de julho,data da chegada da expedição real.

Embora protesto do jornalista tenha sido solitário apesar de adesões nas redes sociais, ele diz que não se incomoda. "Eu nasci indignado e não consigo me dominar. Minha esposa me diz para parar com isso, que nada vai adiantar e até concordo com ela, mas quando ligo a televisão e vejo a absolvição de Jaqueline Roriz, quando leio o jornal e vejo que o salários dos deputado vai aumentar, aí não consigo ficar calado. Acho que estou fazendo o meu papel e que sou coerente com a minha filosofia de vida", diz.

Para o jornalista, cada ato seu, embora seja isolado, desperta a reflexão de alguma pessoa. "Alguma coisa fica grava no subconsciente das pessoas, independente de ser uma, dez ou mil vozes. Algo sempre vai repercutir", observa.

A declaração de Biazi logo se materializa. Muitas são as pessoas que param para cumprimentá-lo pela sua coragem.

"Foi-se o tempo da fanfarra do Colégio Manoel Ribas. Eu chegava aqui às 8 horas para poder escolher o melhor lugar para assistir o desfile. Se tinha dinheiro eu comia pipoca. E hoje não temos mais nada. Parabenizo o Mauro pela coragem", diz o empresário de contabilidade Sizifredo Bulka, conhecido como Mândio.

O descaso da atual administração municipal de Guarapuava logo pauta a conversa das pessoas que rodeiam Mauro Biazi na XV de Novembro. "Eu moro aqui há 47 anos e vejo com muita tristeza a situação da nossa cidade que está cheia de buracos. O que desejo são coisas simples, como qualidade de vida para todos os guarapuavanos. penso no coletivo e luto por esse objetivo, pelo coitado que mora na periferia e que não sabe nem o nome da rua onde mora. E o que mais me causa indignação é que o povo não passa de um acesssório barato, de R$1,99 que a cada quatro anos, depois que é usado, é jogado no lixo", diz enquanto distribui panfletos com os seguintes dizeres: "Separados somos perguntas, juntos somos respostas – Guarapuava tem dono: Você. Participe, fiscalize, denuncie!"