Comprar dólar exige medidas defensivas, dizem analistas de mercado

A oscilação no valor do dólar está deixando as pessoas que tem viagem marcada para o exterior sem saber o que fazer. Como o momento é de instabilidade e ninguém deve arriscar, a dica de quem entende do assunto é para que haja cautela.
“Estamos sem saber o que fazer, pois não sabemos o que vai acontecer. Portanto, não podemos dar nenhum conselho por causa dessa indefinição do mercado”, pondera a representante de uma Casa de Câmbio de Curitiba e que atua em Guarapuava.

O operador de mercado e assessor de investimentos de uma corretora de investimentos com sede em Guarapuava, Lucas Ponchon, o momento requere medidas defensivas contras possíveis perdas.
“As pessoas devem tomar precauções contra possíveis prejuízos, mas é possível que comprando agora saia em vantagem ou não”, observa. Por isso, para que tem viagem agendada para janeiro, por exemplo, deve ir comprando aos poucos. “Em cada mês compra uma parcela, pois não se pode prever o que vai acontecer daqui pra frente”, diz.

Para se ter uma idéia de como o mercado cambial está se comportando, na manhã desta segunda-feira (03), a moeda americana operava em alta, após forte valorização da sessão anterior em meio à cautela dos mercados mundiais.. Porém, a taxa cambial disparou 2,09% na sexta-feira (30), último dia de setembro , fechando o mês em alta de 18%, considerada a maior dos últimos nove anos.
Ainda pela manhã desta segunda-feira (30), primeiro dia de negócio de outubro o dólar era negociado a R$ 1,888 para venda, com uma valorização de 0,42%.

Com a declaração feita ontem, domingo, pelo gabinete do governo da Grécia, após aprovação do orçamento do país para 2012 de que não será possível cumprir as metas de déficit determinadas no plano de resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) neste ano e no próximo, o cenário externo voltou a preocupar, e o dólar que havia começado a semana em alta, passou a operar em baixa. Por volta das 10h45, a moeda americana exibia variação positiva de 0,05%, a R$ 1,879 para compra e R$ 1,881 para venda.

Para José Carlos Amado, operador de câmbio, o desempenho da moeda em relação ao real deve acompanhar, em geral, o movimento do exterior e eventuais passeios pelo território negativo devem decorrer de operações pontuais. "O desempenho da moeda vai continuar cauteloso, com as negociações ainda pressionadas pelas notícias que vem lá de fora", disse.

SETEMBRO OSCILANTE
De acordo com o jornal Valor Econômico, setembro foi um mês intenso para as negociações com a moeda americana. Na sexta-feira, a divisa terminou em alta de 2,06%, a R$ 1,882, o que representou um ganho de 18,41% durante o mês.

Segundo o jornal, uma série de fatores ajudava a explicar esse desempenho. A piora de humor externo, aliada à perspectiva de novas reduções na taxa básica de juros por aqui, e limitações regulamentares no mercado de derivativos, como a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) explicam tal comportamento do mercado.

A tendência é que outubro mostre desempenho parecido, já que não há definições claras sobre a dívida soberana da Grécia nem se sabe ao certo se haverá um sério contágio do sistema bancário europeu.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda em relação a uma cesta composta por seis outras, subia 0,27%, a 79,01 pontos. O dólar também avançava em relação ao euro e à libra esterlina.