22/08/2023
Blog da Cris Guarapuava

Quem vigia os vigilantes?

Guarapuava apura denúncias na Secretaria Municipal de Saúde e Curitiba volta ao centro das investigações federais com estilhaços em Moro

Vigiando (Foto: reprodução /Freepik)

O Paraná vive um daqueles momentos em que as fissuras da política local e estadual se tornam visíveis. E o verniz da eficiência institucional, frequentemente exaltado, começa a descascar. Em Guarapuava, o episódio envolvendo o ex-secretário de Saúde, Márcio Brunfeld, ainda é embrionário, mas já carrega tensão suficiente para gerar ruído político. O ex-secretário afirma ter provas das denúncias que fez ao pedir exoneração. Do outro lado, vozes internas da própria Prefeitura alegam que tudo pode não passar de um mal-entendido, ou até de erro administrativo.

Para apurar os fatos, a administração instaurou uma sindicância interna e a Câmara Municipal analisa um pedido de CPI protocolado pelo vereador Pablo Almeida. A situação exige cautela: o caso está em andamento, sem conclusões oficiais, com versões conflitantes ainda sendo confrontadas. Tanto uma quanto outra desenham o caminho correto. Que se investigue com transparência, sem espetáculo, mas também sem corporativismo.

Enquanto isso, em Curitiba, a Polícia Federal cumpriu mandados autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para obter documentos supostamente ignorados pela Justiça Federal do Paraná. A operação é parte de um inquérito alimentado pelas acusações do ex-deputado Tony Garcia, que diz ter atuado como “agente infiltrado” a mando do então juiz Sergio Moro. Trata-se do caso Banestado, um episódio pré-Lava Jato que ganha contornos mais sombrios.

OS DOIS CASOS

Mais do que episódios isolados, os casos de Guarapuava e Curitiba revelam uma crise de confiança que atravessa instâncias municipais, estaduais e federais. Em comum, ambos sugerem que os limites da legalidade e da ética continuam sendo testados dentro das próprias instituições encarregadas de defendê-los.

A denúncia de Tony Garcia coloca sob suspeita métodos que marcaram a política brasileira recente. Já o episódio em Guarapuava, mesmo que em escala menor, mostra como denúncias, disputas internas ou versões mal explicadas já são suficientes para abalar a confiança pública.

De um lado, o vento já assoprou. De outro, a pressão cresce. E permanece a pergunta incômoda e urgente: Quem vigia os vigilantes?

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Cristina Esteche

Jornalista

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