22/08/2023
Blog da Cris Guarapuava

Não deixe o ruído virar dono da sua paz

No fim do ano, a gente sempre tenta fazer o mesmo movimento: fechar ciclos, respirar, escolher o que vale levar e o que já pode ficar para trás

Sossego (Imagem gerada por IA)

No fim do ano, a gente sempre tenta fazer o mesmo movimento: fechar ciclos, respirar, escolher o que vale levar e o que já pode ficar para trás. Só que, nos últimos dias, o noticiário parece ter decidido não dar trégua. Denúncias no campo político surgem em conta-gotas, quase como trailer de temporada: uma prévia de como deve se comportar um ano eleitoral. As pesquisas vêm com números que se repetem, mudando pouco, como se a realidade girasse em círculos. E, no meio disso, fica nítido o jogo, estratégias para cacifar uns, derrubar outros, influenciar a opinião pública.

Mas aqui vai uma boa notícia (e ela é real): a vida não cabe num calendário eleitoral.

A política, quando vira só disputa, tende a sequestrar nosso humor e nossa energia. Faz a gente acreditar que tudo é urgência, que todo dia precisa de um “lado”, que cada fato tem que virar torcida. Só que a virada de ano lembra outra coisa: nós não somos reféns do ruído. A gente pode acompanhar, criticar, cobrar. E ainda assim preservar a lucidez, a alegria e o cuidado com aquilo que realmente sustenta a vida.

Talvez o aprendizado mais importante desses dias seja exatamente este: reconhecer a engrenagem sem entregar a ela o nosso coração. Sim, vai ter “vazamento” calculado, frase ensaiada, manchete com timing perfeito, pesquisa usada como troféu ou ameaça. Vai ter barulho. Mas também vai ter gente trabalhando, estudando, criando filho, empreendendo, cuidando de doente, abrindo portas, construindo comunidade. Vai ter a cidade real. Aquela que não aparece na guerra de narrativas, pedindo menos espetáculo e mais compromisso.

OLHOS ABERTOS E PEITO LEVE

E é aí que mora o alto astral possível: a gente pode começar o ano com um pacto íntimo de maturidade. Não o cinismo de “nada muda”, mas a serenidade de quem sabe olhar com atenção, sem ser manipulado; de quem escolhe a esperança como método. Esperança que não é ingenuidade, é disciplina. É prestar atenção aos fatos, mas não perder a ternura. Cobrar coerência, mas não abandonar a alegria. É entender o jogo, mas jogar outro: o da vida bem vivida.

Que 2026 chegue com olhos abertos e peito leve. Com mais perguntas sinceras do que certezas compradas. Com menos ódio por encomenda e mais coragem de pensar. E, sobretudo, com a liberdade de não deixar que o noticiário determine o nosso estado de espírito.

Porque o ano pode até ser eleitoral. Mas a sua vida e a sua paz não precisam entrar em campanha. Pelo menos, por enquanto!

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Cristina Esteche

Jornalista

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