Foram apenas cinco treinos, tempo insuficiente para perder o medo da bola, aprender as regras e se sentir seguras na prática do esporte. É que recentemente cerca de dez mulheres da Associação de Deficientes Físicos de Guarapuava (ADFG) resolveram formar uma equipe de handebol. A idéia partiu de Edinéia Aparecida Vieira e foi inspirada no time masculino de basquete em cadeira de rodas da associação.
Primeiro nós tentamos formar um time de basquete, começamos a treinar, mas não conseguimos prosperar por causa do peso da bola e a altura da cesta. Então tive a idéia de montar uma equipe de handebol, mesmo sem conhecer nada sobre o esporte, conta Edinéia.
Segundo ela, nunca tinham visto um jogo sequer de handebol e agora é que estão conhecendo as regras da modalidade. Falta aprender, mas temos muita vontade para isso. Ainda temos medo da bola e medo de cair da cadeira, mas devagar vamos aprendendo, comenta. É que as cadeiras de rodas utilizadas na prática esportiva são diferentes das de uso convencional. São mais leves para proporcionar mais agilidade durante o jogo e contam com rodas menores na parte traseira, a fim de que os movimentos de giros possam ser realizados.
Enfrentando barreiras físicas e psicológicas, a equipe de mulheres cadeirantes se reúne toda terça-feira, a partir das 17h30, no ginásio do quartel para treinar. Pretendemos treinar bastante e chegar às competições estaduais, observa. No Paraná, outros municípios já têm times femininos de handebol sobre cadeiras de rodas, como Toledo e Umuarama.
A equipe ainda não tem técnico oficial, e por enquanto as orientações são passadas pelo atleta do time de basquete masculino e também relações públicas da ADFG, Marcos da Rosa. Temos uma parceria com a Unicentro e Prefeitura, e a universidade já demonstrou interesse em disponibilizar um técnico para o time através do curso de Educação Física, aponta.
Segundo ele, o time de basquete já está participando de torneios e em julho vai estar no Regional Sul, competição que envolve os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Estamos avançando com uma estrutura mais profissional, temos parceria com a Secretaria de Esportes, que cedeu um treinador remunerado. No ano passado o time, composto por 12 atletas, participou de três competições, uma em Guarapuava e duas em Ponta Grossa. Ainda é um aprendizado, mas a cada competição vamos evoluindo um pouco mais. Agora temos perspectiva de nos tornar uma força no cenário paranaense e a intenção é, dentro de quatro anos, estar participando da primeira divisão brasileira, fala.
De acordo com Marcos, o time tem dificuldade para a manutenção das cadeiras, pois devido ao contato direto durante os jogos elas acabam estragando. Por isso estamos sempre buscando parcerias e a nossa mais nova conquista foi em fevereiro deste ano, quando firmamos uma parceria com a Caminhos do Paraná, que foi o que possibilitou treinador. A parceria com a Pérola garante o transporte para os treinos e competições, explica.