Curitiba – Durante a solenidade de entrega do Troféu Mulheres de Ciência Glaci Zancan, na noite desta segunda-feira (09), em Curitiba, a secretária da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, fez uma reflexão a respeito da participação das mulheres em todas as atividades humanas – nas ciências, na educação, na gestão pública e também no cotidiano. Ao final, fez um chamamento à luta: Se quisermos ser livres, vamos ter de continuar lutando, afirmou.
O governador Roberto Requião foi representado no evento pelo secretário chefe de Gabinete, Carlos Augusto Moreira Junior, que cumprimentou a secretária Lygia pela iniciativa, porque não é apenas uma secretária de Estado, mas também uma mulher de ciência, e estendeu os cumprimentos a todas as homenageadas presentes.
Ex-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Moreira citou, em seu pronunciamento, três mulheres homenageadas: a cientista Glaci Zancan, que emprestou o nome ao troféu; sua tia Laís Moreira Amarante, indicada pelo Instituto Federal do Paraná; e Maria Benigna Martinelli de Oliveira, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPR, falecida há um ano.
O Troféu Mulheres de Ciência Glaci Zancan foi instituído pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior neste ano, como parte das comemorações ao Dia Internacional da Mulher. Tem por objetivo valorizar as cientistas e educadoras que contribuíram para o avanço da ciência e da tecnologia e participaram do processo de estruturação e consolidação das instituições de ensino e pesquisa paranaenses. O troféu homenageia também gestoras públicas que colaboram com a sociedade paranaense nas diferentes áreas de atuação do Estado. Ao todo, 32 mulheres receberam o troféu.
A instituição desse prêmio tem um valor simbólico. Segundo Lygia, essa é uma data especial para que a sociedade paranaense e a Secretaria expressem seus agradecimentos a estas cidadãs, cientistas e educadoras que dedicaram suas vidas à ciência, à valorização das instituições de ensino e pesquisa paranaenses e às missões do serviço público.
De acordo com a secretária Lygia Pupatto, o troféu é ainda uma demonstração de admiração e respeito à pesquisadora que foi Glaci Zancan, pelo conjunto de sua obra, e pela sua árdua batalha para criar e consolidar o Fundo Paraná de Apoio à Ciência e Tecnologia.
Glaci Zancan
Marli Zancan, irmã da pesquisadora Glaci Terezinha Zancan, recebeu das mãos da secretária Lygia Pupatto o troféu que recebeu o nome da cientista, uma escultura feita em porcelana e alumínio. O professor Fábio de Oliveira Pedrosa, que foi orientando de Glaci no mestrado e faz parte do departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, agradeceu à secretária e ao governador pela iniciativa e falou sobre a valiosa contribuição de Glaci à academia e ciência paranaense e brasileira.
Em sua carreira científica, Glaci publicou trabalhos sobre estrutura e função da galactose oxidase, uma enzima única descoberta por paranaenses. Glaci orientou a formação de 25 mestres e doutores, hoje atuantes em universidades e centros de pesquisa do Brasil, disse o professor.
Glaci Zancan também teve importante atuação na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), onde foi secretária, conselheira, vice-presidente e, por duas vezes, presidente eleita, cargo que exerceu até 2003. No Ministério de Ciência e Tecnologia, foi coordenadora da Escola Brasil-Argentina de Biotecnologia (1987-1989), diretora do Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia por seis anos (1989-1995) e membro do Comitê Assessor do Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, desde sua instalação em 1987. Foi ainda membro da Comissão Nacional de Biodiversidade, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo Federal, e do Conselho Superior da CAPES.
No Paraná, Glaci foi membro do Conselho Estadual de Educação, do Comitê Assessor do Conselho da Ciência e Tecnologia e do Conselho Estadual de Educação. Glaci foi incansável batalhadora pela regulamentação do artigo 205 da Constituição estadual, que garante 2% da arrecadação para a pesquisa científica e tecnológica, lembrou o professor Pedrosa.
Por sua contribuição à política científica do país, Glaci Zancan recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico do Governo Federal, a Medalha do Mérito Educativo do Conselho Federal de Farmácia, a Ordem do Mérito Educativo como Oficial do Governo Federal e o título de Professora Emérita da Universidade Federal do Paraná. Agora Glaci Zancan fica eternizada com a iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com a instituição do troféu que leva o seu nome.
Gestoras públicas
Na categoria Gestoras Públicas, cinco secretárias de Estado foram homenageadas. A secretária Maria Marta Renner Weber Lunardon, da Administração e da Previdência, foi uma delas. Procuradora do Estado desde 1981, Maria Marta ocupou a diretoria-geral da Procuradoria Geral do Estado no primeiro governo de Roberto Requião. Está à frente da Secretaria desde de julho de 2004.
Outra homenageada foi a secretária especial de Governo Maristela Quarengui de Mello e Silva. Jornalista, cursou até o terceiro ano de arquitetura e, desde 2003, preside o Museu Oscar Niemeyer. Com a implantação de uma programação de alto nível e a formação de uma qualificada equipe de profissionais, Maristela conseguiu inserir o Paraná no roteiro de grandes exposições nacionais e internacionais.
À frente da Secretaria da Criança e da Juventude desde dezembro de 2006, Thelma Alves de Oliveira também recebeu o troféu. Psicóloga e professora de Educação Física, Thelma lançou no Paraná o Pacto pela Infância e Juventude, documento que sintetiza dez prioridades voltadas a crianças, adolescentes e jovens do Estado.
A secretária de Estado da Cultura, Vera Maria Haj Mussi Augusto, foi mais uma homenageada. Historiadora, geógrafa e especialista em educação, iniciou sua gestão na Secretaria em 2003. Realizou a descentralização da cultura, com uma forte atuação no interior do Estado, estimulando a arte contemporânea, a produção e o desenvolvimento artístico regional.
E, finalmente, a secretária da Educação, Yvelise Freitas de Souza Arvo-Verde.
Professora da Universidade Federal do Paraná desde 1979, atuou como coordenadora do projeto internacional da ONU na organização de políticas educacionais dos países africanos de língua portuguesa.
Cientistas e educadoras
Na categoria Cientistas e Educadoras, 27 mulheres receberam o troféu três delas como homenagem póstuma. Todas foram indicadas pelas instituições de ensino e de pesquisa paranaenses, públicas e privadas, com tradição na área do ensino e da pesquisa científica e tecnológica. São elas:
1. Aurora Luzia Pedroso, do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Médica veterinária e mestre em biotecnologia, foi responsável por diversas pesquisas e fabricação de produtos veterinários. Atualmente é gerente da divisão de vacinas virais no Tecpar.
2. Chisato Oka Fiori, da Minerais do Paraná (Mineropar). Geógrafa, professora e diretora do setor de Ciências da Terra da UFPR, atua na área de geociências e desenvolve trabalhos sobre mapeamento, geomorfologia, litoral paranaense e fragilidade ambiental.
3. Clotilde Espínola Leinig, da Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Professora, pianista e violinista, foi fundadora da Faculdade de Educação Musical do Paraná, hoje FAP. Recebeu o título de notório saber na área da saúde em musicoterapia.
4. Cristiane Faccio Gomes, do Centro Universitário de Maringá (Cesumar). Fonoaudióloga, mestre em educação e doutora em pediatria, com contribuição científica em motricidade orofacial, saúde coletiva, aleitamento materno, neonatologia, saúde e alimentação infantil.
5. Dirce Bortotti Salvadori, da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam). Pedagoga e mestre em Letras, desenvolve trabalhos a respeito da história e filosofia da educação e prática de ensino.
6. Edelzina Ribas Coutinho, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Iniciou e implantou o setor estratégico de Relações Interinstitucionais na UTFPR, onde também lecionou língua portuguesa e inglesa.
7. Futin Buffara Antunes, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar). É formada na primeira turma do curso de Letras Anglo-Germânicas da Fafipar, onde foi eleita professora emérita.
8. Hiudéa Tempesta Rodrigues Boberg, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Doutora em Letras e líder do grupo de pesquisa Literatura e Ensino, trabalhou os temas transdisciplinaridade, temas transversais e método recepcional.
9. Ingrid Illich Muller, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec). Engenheira civil, com mestrado em recursos hídricos, é gerente da divisão de Meio Ambiente do Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza e membro titular do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
10. Laís Moreira Amarante, do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Cirurgiã dentista e sanitarista, dedicou-se por quase 60 anos à saúde pública. É pioneira no desenvolvimento de programas de saúde bucal do Paraná. Recebeu diversas homenagens e cedeu seu nome ao Centro de Saúde da Vila Fanny.
11. Léa Resende Archanjo, da Universidade Positivo. Socióloga e mestre em História, atua há dez anos na instituição. É autora do livro Saúde da Família na Atenção Primária.
12. Lenita Jacob Oliveira homenagem póstuma – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja). Engenheira agrônoma, atuou por quase 20 anos na Embrapa Soja e desenvolveu pesquisas sobre a soja, manejo de insetos-pragas e agroecologia. Lenita faleceu prematuramente, em dezembro do ano passado, vítima de um acidente de trânsito.
13. Leni Trentim Gaspari, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (Fafiuv). Historiadora e professora, é fundadora e atual vice-diretora do Instituto de Ensino Pesquisa e Prestação de Serviços (IEPS). Escreveu um livro com foco nas mulheres e na educação.
14. Lucila Akiko Nagashima, da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa). Mestre em engenharia química, atua como professora e pesquisadora há quase 30 anos. Desenvolveu trabalhos principalmente sobre resíduos sólidos e educação ambiental.
15. Maria Benigna Martinelli de Oliveira homenagem póstuma – Universidade Federal do Paraná (UFPR). Farmacêutica e bioquímica, foi líder do grupo de Oxidações Biológicas e idealizou o Laboratório de Cultivo Celular. Foi chefe de departamento, coordenadora de pós-graduação e pró-reitora de pesquisa e pós-graduação. Faleceu em março de 2008, vítima de assalto.
16. Maria de Lourdes Urban Kleinke, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Socióloga, integra a equipe de pesquisa do Ipardes desde sua fundação. Desenvolveu trabalhos que integram a pauta social do Estado, como esvaziamento rural, urbanização, desigualdades da estrutura social e econômica.
17. Maria Lúcia Prado Sabatella, da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). Pianista e mestre em educação, desenvolve trabalhos voltados para crianças e jovens com altas habilidades ou superdotados. É presidente do Instituto para Otimização da Aprendizagem (Inodap).
18. Maria Natália Ferreira Gomes Thimóteo, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Pós-doutora em Letras, atua há mais de 20 anos na Unicentro. Sua contribuição está relacionada aos temas poesia, literatura, estética comparada, ensino de literatura.
19. Maria Suely Pagliarini, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Bióloga e doutora em agronomia genética e melhoramento de plantas, desenvolve trabalhos na área de citogenética vegetal. É autora de livro e membro do corpo editorial de cinco revistas internacionais.
20. Marie Yamamoto Reghin, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Engenheira agrônoma e doutora em horticultura, aposentou-se após 20 anos na instituição. Contribuiu com estudos em agronomia e cultivo de espécies.
21. Marilda Aparecida Behrens, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mestre e doutora em educação, atua há 25 anos na Universidade. Desenvolve pesquisas sobre docência universitária, formação de professores, paradigmas emergentes e metodologias inovadoras.
22. Tereza Canhadas Bertan homenagem póstuma – Centro Universitário Filadélfia (Unifil). Pedagoga e historiadora, deu importante contribuição no desenvolvimento de trabalhos sobre escola pública, poder, eleição e educação. Tereza faleceu em 2001.
23. Vania Moda-Cirino, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Engenheira agrônoma e doutora em genética e melhoramento de plantas, desenvolve pesquisas para a obtenção de novas cultivares de feijão lançadas pelo Instituto.
24. Yeda Maria Malheiros de Oliveira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Florestas). Engenheira florestal, desenvolve pesquisas sobre os temas endrometria, sensoriamento remoto, imagens de satélite e floresta de araucária.
25. Ymiracy Nascimento de Souza Polak, da Universidade Norte do Paraná (Unopar). Doutora em enfermagem e pós-doutora em educação, atua na área da educação, com ênfase em tecnologias de educação, auto-cuidado e sistemas de enfermagem.
26. Yonissa Marmitt Wadi, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Socióloga e historiadora, atua nas áreas de história cultural, história das ciências e em planejamento urbano e regional.
27. Yoshiya Nakagawara Ferreira, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Pós-doutora em geografia humana, desenvolve trabalhos na área de análise regional, com ênfase em geografia urbana.