22/08/2023


Cotidiano

Inventor cria processo inédito para separar o alumínio das embalagens longa vida

Criado por um estudante de Física da Unicamp, processo é apoiado pela ANI, Associação Nacional dos Inventores

Mais uma ideia que virou invento devidamente patenteado está a um passo de se transformar em negócio. Com o apoio da Associação Nacional dos Inventores – entidade sem fins lucrativos cujo papel é incentivar e popularizar as inovações tecnológicas no País – o estudante de Física da Unicamp Wagner Sanerip negocia sua invenção com uma empresa de engenharia ambiental. Seu invento é um processo inédito de separação do alumínio de embalagens cartonadas, mais conhecidas como longa vida.
O presidente da ANI, Carlos Mazzei, explica que o inventor precisa ter força de vontade para ver sua criação gerar frutos. E sugere três formas de colocá-la no mercado depois de patenteada: “Ele pode criar sua própria empresa baseada em sua invenção, vender sua ideia para outra empresa ou negociar a patente no mercado”, conta.
A invenção de Sanerip surgiu da preocupação com um grave e crescente problema ambiental: o descarte dessas embalagens em lixões e aterros. “Sem a separação dos materiais que a constituem – papel, plástico e alumínio – ela perde o atrativo para os catadores e deixa de ser reciclada. O alumínio, sozinho, é matéria-prima de grande valor e, com sua separação, pode ser negociado e reciclado. Já a embalagem multicamada leva vários anos para se decompor nos lixões”, explica.
No processo, os materiais que envolvem o alumínio passam por uma decomposição térmica em um forno de aquecimento por indução magnética, restando o metal e as cinzas. Depois disso, o metal é derretido e moldado em lingotes para reciclagem. “Ao se aquecer, o alumínio não oxida, pois o processo não contém fogo ou chama de ignição e também não é poluente”, esclarece Sanerip.
A ideia do estudante, inédita em todo o mundo, tem feito sucesso nos meios acadêmicos e empresariais. Isto porque os processos atualmente usados para a separação dos materiais das embalagens utilizam mais energia, mão-de-obra e, por vezes, são poluentes. “Esses processos são mais complexos e requerem preparação da embalagem, incluindo lavagem e limpeza”, conta. Recentemente, ele mostrou sua criação em duas emissoras de televisão de Campinas, a Rede Família e a TVB, retransmissora do SBT.
A invenção está com solicitação de patente protocolada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Sanerip está bastante otimista e espera negociar sua invenção em breve com uma ou mais empresas de qualquer parte do mundo. Para atingir este objetivo, tem frequentado feiras de tecnologia: “Como a patente é de um processo, não de um produto, não é preciso desenvolver protótipo ou máquina. Basta o interessado ter acesso à patente e reproduzi-la”.

Cristina Esteche

Jornalista

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