22/08/2023
Política

Câmara propõe fórum de debates em Entre Rios

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Guarapuava – Após a explanação da bióloga Sigrid Wôlf Essert na sessão da Câmara e que teve como tema a implantação de um incinerador para lixo hospitalr na Colônia Samambaia em Entre Rios, houve uma sabatina pelos vereadores.
O resultado foi o agendamento de um fórum de debates no dia 29 de abril às 19h30min com local a ser definido.
O vereador João Napoleão (PSDB) defendeu a criação de um fórum de debates para uma maior discussão sobre o tema. Lizandro Martins (PSB) também foi defensor da idéia.
A vereadora Eva Schan (PHS) questionou por que somente agora esse caso veio à tona já que, segundo Sigrid, o projeto vem sendo elaborado desde 2007.
Fernando Alberto dos Santos (PP) levantou a possibilidade de se pensar em outro espaço para a construção do incinerador. “A minha preocupação é que o local onde está sendo construído é um local de produção, as estradas não são apropriadas e um possível tombamento do caminhão que vai transportar o lixo pode gerar grande impacto ambiental”.
O vereador Antenor Gomes de Lima (PT) engrossou a sugestão de um debate mais aprofundado sobre o tema e sugeriu que a Prefeitura tem o poder de destinar uma área ideal para a transferência do investimento.
A vereadora Maria José Mandu Ribas (PSDB) lembrou que o lixo hospitalar de Guarapuava está sendo incinerado em outros municípios.
Para o vereador Gilson Amaral (DEM) que levantou o problema na Câmara questionou quem vai assumir a responsabilidade de um possível acidente. “A senhora assume a responsabilidade se acontecer um acidente no distrito de Entre Rios por causa do seu empreendimento”. Sigrid disse que não pensa nessa possibilidade pela qualidade do investimento.
Admir Strechar (PMDB) ratificou a sugestão para a criação de um fórum de debates em Entre Rios para maiores esclarecimentos à população e provocou o agendamento da audiência pública.
A participação de Sigrid na sessão desta segunda-feira, dia 16, foi marcada por protesto silencioso por parte de moradores de Entre Rios.

Segundo um dos representantes das comunidades de Entre Rios, Marcio de Sequeira, a população não é contra o projeto em si, mas não concorda com a localização onde a obra está sendo construída. “O nosso temor é quanto a todos os impactos que o projeto pode causar, desde um possível acidente, a desvalorização imobiliária, o medo que gera nos moradores, a imagem da colônia que possui um projeto turístico em franco desenvolvimento, de que possa afetar a economia local. A colônia vive da produção agrícola e produz alimentos de alta qualidade para o consumo humano e animal, o que não combina com o armazenamento e processamento de lixo hospitalar”, argumentou.
Conforme Sequeira, o ideal é que em todos os municípios tenham a sua unidade de incineração em áreas distantes de qualquer comunidade, pois no caso de um eventual acidente as pessoas não estarão expostas diretamente ao efeitos nocivos.
A maior preocupação dos moradores é que a incineração libera gases tóxicos, uma vez que esse lixo pode conter diversos tipos de resinas e outros materiais cuja queima libera monóxido de carbono (CO) e outros gases prejudiciais à saúde. “Entre Rios é uma cadeia geradora de alimentos e ela mesma admite que há riscos. Ela mesmo tem medo dessa possibilidade”, observa um dos manifestantes que preferiu não se identificar.
No entanto, a bióloga garante que a obra não apresenta nenhum risco. “Tudo está sendo feito dentro das normas exigidas, desde a localização até o caminhão que vai transportar os resíduos. A empresa é cadastrada no CRE (Conselho Regional dos Engenheiros e no CRBIO (Conselho Regional de Biologia)”, garante. Segundo a bióloga e gestora ambiental, os cinco funcionários que vão trabalhar no local, incluindo um técnico em meio-ambiente e um engenheiro ambiental, são aptos profissionalmente.
O “lixo hospitalar”, segundo Sigrid, deve ser embalado de forma especial, seguindo normas de segurança específicas, utilizando-se sempre sacos identificados, grossos e resistentes.
O depósito desses sacos deve ser em vasilhames bem vedados e estes colocados fora do alcance de pessoas, até a chegada do carro próprio para a coleta. Seu destino é o incinerador onde é queimado e transformado em cinzas. “A incineração começa com 800 graus e vai até 1,2 mil graus. A cinza é inerte e vai para o aterro industrial”, explica.
Outra medida preventiva tomada pela bióloga é que o caminhão que vai transportar o lixo “é um furgão isotérmico adaptado dentro das normas da ABNT e já passou por todas as vistorias”, diz.
Para o transbordo e coleta do “lixo hospitalar” é preciso autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que somente poderá ser emitida após a conclusão da obra já vistoriada pelos órgãos competentes (Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, entre outros).
“Nos hospitais a intenção é coletar os resíduos em dias intercalados, enquanto nas farmácias isso será feito uma vez por semana”, programa Sigrid. Segundo a bióloga e gestora ambiental, os empresários do setor poderão ter uma economia de até 30% nos custos atuais. “Só com a isenção dos gastos para transbordo desse material a outra cidade a economia já será grande”, observa.

Cristina Esteche

Jornalista

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