Basta levantar algum dinheiro e atravessar a fronteira para comprar a droga. Por ser dividida em pequenas pedras, torna-se fácil escondê-las
Na última quarta-feira, 18, duas pessoas foram presas por tráfico de drogas no Bairro São Cristóvão. A polícia flagrou um homem deixando uma casa onde tinha comprado uma pedra de crack. Dentro da residência a polícia localizou mais 12 pedras da droga em poder de um traficante, além de uma balança de precisão. Foram presos José Acir Correa e Nol Neri de Oliveira.
Prisões como essas acontecem com certa frequência em Guarapuava. Só no ano passado, o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) prendeu 71 pessoas por tráfico na cidade, e dos 232 detentos da 14ª SDP, a grande maioria também está relacionada a drogas. Os números da Polícia Federal mostram que em 2008 foram apreendidos 91 quilos de crack.
Para o chefe de operações do GAECO, tenente Marcelo Veigantes (foto), o crack tem uma particularidade que dificulta seu combate: ele é pulverizado. Em Guarapuava eu posso dizer que não há um chefão do crack, justamente por essa característica de pulverização. Qualquer pessoa pode levantar um dinheiro de alguma forma e ir para o Paraguai buscar a droga. Com 100 ou 200 gramas é possível fazer pedras, já que com cada grama se faz de três a cinco pedrinhas, aponta.
Ele conta que o grupo prendeu uma paraguaia que estava trazendo crack para um traficante local após informações prévias. A mulher trazia 200 gramas da droga divididas em quatro pedras de 50 gramas. O crack estava escondido nas axilas e virilha, colado com fita adesiva. Nós sabíamos que ela estava vindo para Guarapuava, preparamos a operação e prendemos ela e o rapaz que foi buscá-la, só que depois ele conseguiu fugir da delegacia. Prendemos também a traficante que seria a destinatária dessa droga, fala. Para Veigantes, o que chama atenção num caso como esse é a facilidade para obter a droga atravessando a fronteira e, por ser dividida em pequenas pedras e não ter cheiro, torna-se fácil escondê-la. Quantas pessoas não fazem isso, que acaba dificultando o controle. Com 100 gramas de crack você já abastece o tráfico por determinado tempo na cidade. No Paraguai isso sai por volta de R$ 700 e, depois das misturas, o traficante faz esse valor saltar para 4 a 5 mil reais. Como você vai combater essa rentabilidade fazendo um trabalho de grande envergadura, tentando pegar o traficante que você não sabe quem é? Isso envolve muita gente e é difícil chegar na ponta do esquema, argumenta.
De acordo com o tenente, ano passado o GAECO prendeu 71 traficantes, alguns menores de idade. Já temos mais de 20 condenados, inclusive alguns julgamentos aconteceram durante a semana. Porém, em Guarapuava, quase todos os traficantes que nós tiramos de circulação, de uma maneira ou de outra arranjaram substitutos. Às vezes o próprio cliente assume o ponto e vira traficante, revela.
A gente estava fazendo uma operação na rodoviária esperando alguns ônibus. De repente desce de um ônibus que não era nosso alvo um rapaz de 17 anos, com aparência subnutrida, e seu comportamento desperta nossa desconfiança. Ele meio que se escondeu e como iria demorar para chegar o próximo ônibus, o nosso alvo, o policial chamou ele num canto. Não tinha dinheiro na carteira, já tinha gastado tudo na viagem, e dentro de uma bolsa que segurava encontramos um tablete de um quilo de crack. Não sabia dizer para quem era a droga.
O delegado de Polícia Federal, André Maurício Ceron, diverge do chefe de operações do GAECO quando fala que o crack também é movimentado por quadrilhas. Tem a mesma formação característica da quadrilha. Só que o crack, depois de entregue, é mais difícil de se encontrar por causa do tamanho das pedras, afirma.
Em 2007 a Polícia federal apreendeu 183 quilos de crack, contra 91 quilos ano passado. Se a apreensão dessa droga diminuiu, em contrapartida a de maconha aumentou. Em 2008 foram 12 toneladas da erva.
Numa operação de fiscalização rotineira, na madrugada de terça-feira, 17, a PF encontrou 1,1 quilo de cocaína presa no corpo (coxas e barriga) de uma adolescente de 16 anos. ela estava em um ônibus que fazia a linha Foz do Iguaçu a Curitiba. A menor foi apreendida e após o registro de ato infracional, ela foi encaminhada para a Promotoria da Infância e Juventude de Guarapuava. Era reincidente.
Os danos do crack ao corpo
CÉREBRO
Diminui a irrigação de sangue no lobo frontal do cérebro, parte que controla os impulsos, a agressividade, e leva o indivíduo a ter alucinações
BOCA
O aquecimento do cachimbo pode levar o usuário a desenvolver câncer de boca. A partir do sangramento, o ferimento se torna via de contágio do HIV
PULMÃO
Degenera o sistema respiratório e deixa a pessoa vulnerável à tuberculose e pneumonia
CORAÇÃO
Aumenta abrupta-mente a pressão arterial, e pode levar ao derrame ou infarto
ESTÕMAGO
O crack causa a perda do apetite e do sono, que têm como resultado a desnutrição