22/08/2023

A exploração da miséria humana

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A exploração da miséria humana ganha corpo durante a campanha eleitoral. É a caça desvairada em busca de votos que passa por cima de sentimentos nobres como a solidariedade, a comoção, a responsabilidade dos agentes públicos. Pessoas desesperadas que perdem o que não tem servem como peças do jogo pelo poder. Quem deveria ter feito e nunca fez se acha no direito de degladiar contra quem busca fazer.

O "pano de fundo" desse cenário é o incêndio que destruiu nove casas no “Beco”, uma ocupação irregular existente na Vila Lemler, na Colônia Vitória em Entre Rios, distrito de Guarapuava.
No local, há anos, famílias se amontoam em sua maioria em casebres um grudado ao outro. O índice de miserabilidade é o “cartão de visitas” do local que fica no distrito mais promissor de Guarapuava. Esgoto a céu aberto, desemprego, crianças vulneráveis à desnutrição e a doenças, mulheres e homens que se escoram para sobreviver são os principais personagens dessa história. Eles dizem que nunca receberam a visita de alguém ligado à Secretaria Municipal de Habitação ou da Assistência Social do Município. Aliás, até a última sexta-feira (06) quando o próprio secretário de Habitação Francisco Andreatta foi até o local onde famílias estão alojadas para anunciar que a Prefeitura seria a responsável pela construção de casas. Até então, essas pessoas sequer sabiam quem era o titular da pasta que teria a obrigação de resolver o problema há anos e não apenas num período eleitoral. Isso porque houve o incêndio, caso contrário, essas famílias continuariam atoladas na invisibilidade social perante os olhos do Município.

O que chama ainda mais a atenção é que mais uma vez a Prefeitura de Guarapuava chega atrasada. Na manhã de sexta-feira a RSN anunciava em matéria que a secretária da Família, Fernanda Richa, e o chefe da Cohapar no Paraná, Mounir Chaowiche haviam anunciado que o órgão construiria casas para as famílias desabrigadas.
Com em ano eleitoral a Prefeitura acorda do seu berço esplêndido lá foram para chamar a responsabilidade para si descartando o auxílio oferecido pelo Estado. Mas por que isso não foi feito antes? E se o incêndio não destruísse as casas as famílias seriam lembradas pela Prefeitura? E não se surpreendam se na inauguração dessas unidades não houver foguetório, banda e placa para descerrar.

Cristina Esteche

Jornalista

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