Cerca de 3,2 mil pessoas de Guarapuava, municípios da região e de outros estados agitam a etapa guarapuavana do Campeonato de Som Automotivo e rebaixados que promete não ter hora para acabar neste domingo (22), no Kartódromo do Jordão, em Guarapuava. A estimativa foi feita pelos organizadores do evento Gilvan Mayer e Ralff Ferreira .Noventa competidores estão inscritos.
A competição acontece nas categorias rebaixados que subdivide-se em tamanho das rodas ou tipo de suspensão. “Vence o carro mais rebaixado”, diz Dilvan. Já o som automotivo prevê a subdivisão por frequências: pancadão, trio elétrico, SPL (pressão por som interno) que são medidos em decibéis. “Quem tocar mais tem a maior pontuação “, diz.
Dentro do Kartódromo o som contagia os participantes. Meninas dançam o funk “pancadão” sem se importar com performance exibida. Procuram retratar por meio do corpo o que prega a música tocada em alto volume por todos os carros que encontram-se no evento. Todos sintonizam a mesma estação. Elas estão nas carrocerias dos carros, num caminhão guincho estacionando servindo de palco. “A gente aqui, bebe, dança, curte os gatinhos e se diverte”, diz Priscila Oliveira, que mora no Bairro Boqueirão, sem parar de dançar no meio de dois meninos. “E vai descendo, descendo até o chão”, manda a música.
As letras das músicas são o que existe de mais “trash”no cenário musical brasileiro. “Vem, vem fazer neném…..”diz a outra letra para o delírio de quem está dançando. “O nosso evento é cultural, mas depende do DJ que está comandando a festa. Ele toca o que o povo gosta e pede. Infelizmente as letras são pura baixaria, mas temos que tentar agradar todas as pessoas e quem está aqui gosta desse tipo de música”, diz Gilvan. A música, porém, desperta críticas.
“Eu nunca ouvi esse tipo de música e acho isso a maior baixaria. São palavras obscenas. Tenho crianças pequenas em casa e estamos sendo obrigados a escutar essas músicas desde ontem. Se procuro dar aos meus filhos uma educação cultural de nível um evento nos impõe esse lixo cultural”, diz o morador de uma chácara próxima ao Kartódromo.
“Eu jamais ouviria esse tipo de música, mas procuro entender que esse evento atrai uma das várias tribos urbanas existentes na cidade e nós estamos sujeitos a isso e a outros gêneros. É desconfortável porque estamos sendo obrigados a engolir essas letras pobres culturalmente durante dois dias”, diz Orlando Silva, que mora nas proximidades do Kartódromo.
"Esse é o som que curtimos e é justamente a malícia das letras das músicas que é o tchan e que comandam as coreografias. E funk até na música gospel. O pancadão fica batendo na nossa cabeça e ninguém consegue ficar parado. Quem não gosta, não vem", diz Debora Laskoski que junto com amigos dança sem parar.