22/08/2023


Cotidiano

Comerciantes do Bonsucesso e São Cristóvão sofrem com assaltos

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Guarapuava- Comerciantes dos bairros Bonsucesso, São Cristóvão e Cristo Rei estão “brigando” para ver quem está no topo do ranking dos mais prejudicados, já que todos eles vêm sofrendo com uma onda de assaltos. Andando pela região é praticamente impossível encontrar algum empresário que não tenha sido vítima de furtos e roubos pelo menos uma vez.
È que esses três bairros formam um local com vida própria e uma área comercial pulsante, contendo farmácias, postos de gasolina, lotérica, salões de beleza, lojas de roupas, materiais de construção, mercados, veterinárias, entre outras inúmeras opções. Uma região com crescimento constante e forte giro de dinheiro é um chamariz a mais para a criminalidade. Coincidência ou não, são vizinhos do Núcleo São Cristóvão II, também chamado de “cracolândia”.
No dia 11 de março, a Lotérica Bonsucesso foi assaltada por três jovens armados em plena tarde, às 15h45. “Renderam alguns clientes e até pegaram dinheiro de um deles, que quis reagir. Eles entraram na parte de dentro e pegaram o dinheiro dos três caixas e ainda queriam que as meninas ajudassem a colocar o dinheiro na sacola”, conta a proprietária, Marileide Tramontini. A polícia foi chamada pelos comerciantes vizinhos, mas os assaltantes conseguiram fugir a pé.
Na madrugada do dia 21 o local da vez foi a Sapataria Tamys, instalada ao lado da lotérica. O cadeado e a porta de vidro foram arrombados e diversos calçados e outros artigos roubados. “Levaram o que tinha de melhor e nós ficamos na mão e no prejuízo, pois a polícia fala que não pode fazer nada porque geralmente são menores de idade. Agora os fregueses pedem para a gente pagar e para não perder os clientes precisamos pagar. Meu marido teve que dar a própria jaqueta de couro para repor uma que foi levada na ocasião”, fala Luciana Reis do Nascimento.
No mês de fevereiro, o empresário Neuton Strechar foi assaltado duas vezes. Na primeira, os ladrões entraram na sorveteria depois de quebrar o vidro da janela do banheiro e roubaram R$ 400 do caixa e mais mercadorias. Antes mesmo de completar trinta dias eles voltaram para furtar o apartamento. “Colocaram um piazinho pela janela do banheiro e, ao entrar, abriu a janela e retirou o sensor do alarme. Os ladrões entraram no quarto e foram puxando as coisas”, diz.
Segundo ele, seu cunhado que mora no apartamento acordou e viu os ladrões, que conseguiram fugir. “Ele reconheceu os criminosos, eram meninos que ficam no sinaleiro do bairro e assaltam por causa de droga. Um deles confirmou que só iria ganhar R$ 5 por uma pedra de crack”.
“Na semana passada assaltaram a loja de som e a lan house embaixo da nossa casa. Outro vizinho nosso, que é caminhoneiro, já nem tranca mais a porta do caminhão, pois eles sempre arrebentavam a porta para roubar dentro. Da última vez, como não tinha nada no caminhão, eles arrebentaram as portas pelo lado de dentro e roubaram a bateria”, revela Strechar.
Falta segurança
Para os comerciantes, a região não está tendo segurança suficiente. “A gente chama a polícia e eles sempre falam que envolve menores de idade e que daí é complicado fazer alguma coisa. Tem pouco policiamento aqui, precisamos de mais segurança”, desabafa Neuton.
Essa não é a primeira vez que a região sofre com uma onda de assaltos. Cerca de oito meses atrás aconteceu a mesma coisa. “Na vez passada eles roubavam de duas a três lojas por noite e agora está acontecendo a mesma coisa”, conclui.
Os proprietários de uma das panificadoras da região já receberam a visita indesejada de ladrões três vezes. “Além de levarem mercadorias estragaram a porta, que deu maior prejuízo. Depois da última vez colocamos alarme”, comenta Rafael Moraes, da Panificadora Maná.
De acordo com ele, ultimamente as rondas policiais na região diminuíram. “É uma vez ou outra que vemos a viatura”, completa.
A funcionária da Farmácia 3000, Iara Francieli Fernandes, trabalha na unidade há quase dois anos e, somente enquanto ela estava no caixa, o local foi assaltado três vezes. “Geralmente acontece à noite, pois ficamos de plantão até meia-noite. Todas as vezes entraram armados e você fica sem reação, não consegue fazer nada na hora. Como a gente já sabe, acaba deixando pouco dinheiro no caixa. Foram três assaltos comigo, fora os outros em outras escalas”.
Para ela, uma das alternativas seria um posto da polícia militar no bairro (como existia antigamente). “É um bairro grande que sobrevive por si só, precisamos de mais policiamento, pois estamos à mercê dos ladrões”, fala Iara.
Além dos assaltos, ela comenta que outro problema é a prostituição na Avenida Sebastião de Camargo Ribas, onde se concentra a maioria do comércio da região. “São meninas que você percebe serem menores de idade e se sair a pé do trabalho elas te param e tentam pegar a bolsa ou celular. Esses dias uma menina, armada com uma faca, pegou nosso atendente e fez ele abrir a farmácia novamente. Ele conseguiu acionar o botão de segurança, a empresa veio até aqui, a policia também, mas a menina conseguiu fugir”, conta.

Cristina Esteche

Jornalista

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