22/08/2023
Segurança

Força Samurai quer fechar cerco ao narcotráfico

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Voltado diretamente para a comunidade, a Força Samurai é um projeto de atuação exclusivamente no combate ao narcotráfico e ao crime organizado. Em Guarapuava, a equipe completa um ano de trabalho em maio e já mostra bons resultados. Doze traficantes já foram presos na cidade.
A Força Samurai é formada por policiais militares do serviço de inteligência que foram selecionados pelo comando geral. O objetivo é intensificar as ações contra a criminalidade organizada, além do que já é feito pela corporação no Estado.
Eles trabalham a partir das informações recebidas pelo 181 Narcodenúncia. As informações, passadas de forma sigilosa, servem de base para que os policiais façam os encaminhamentos necessários para as apreensões de drogas e prisões dos acusados.
De acordo com Rodolfo Kredens Silva, da Força Samurai, de janeiro a março deste ano a equipe recebeu 191 denúncias através do número 181. Desse total, 57 frias (trotes) e 110 individualizadas (não repetidas). Das 77 verificadas, 12 envolvidos (traficantes) de bocas diferentes foram presos, o que resulta em uma média de uma prisão por semana. Kredens afirma que quatro das 12 bocas continuam fechadas, sem substituição no seu comando.
“Fazemos a comprovação dos dados de todas as denúncias confirmando os dados, além do trabalho de vigilância. Para se ter uma idéia a gente leva de duas a três semanas só para ter a certeza da existência de um boca, sempre acompanhando a movimentação do local. Precisamos ter sorte de, quando entrarmos no local, encontrarmos a materialidade para a caracterização do tráfico”, observa.
Nesse período, a Força Samurai apreendeu 264 pedras de crack (88 gramas) que representam o valor de R$ 2.640; 18 buchas de maconha (180 gramas) que somam o montante de R$ 900; uma bucha de cocaína (3 gramas) que equivale a R$ 50; três armas de fogo (um revólver e duas espingardas); dois veículos (um corsa e uma moto) e a quantia em dinheiro de R$ 1.073. Ou seja, o impacto financeiro do crime organizado em Guarapuava de janeiro a março de 2009 equivale a R$ 22.163,20.
“Hoje existem 77 bocas de tráfico de crack na cidade, o que pode ser considerado dentro da média de outros grandes centros do Estado. Guarapuava tem um perfil diferente de cidades como Londrina e Laranjeiras do Sul, onde a cocaína têm mais força. Aqui o crack é mais usado e se nós conseguirmos fechar pelo menos 30 bocas podemos considerar um bom trabalho”, aponta.
A Força Samurai é composta por uma equipe de policiais que antes atuavam no setor de inteligência da coorporação e selecionados pelo comando geral de Curitiba. Ao todo, no Estado, são seis grupos: quatro no interior e os outros dois em Curitiba e região metropolitana.

Lei “defende” o usuário
Para Rodolfo Kredens, o grande vilão do tráfico de drogas é a inexistência de uma política mais punitiva com relação ao usuário. “A lei diz que o usuário não é criminoso, mas sim uma pessoa doente que precisa de tratamento, é uma política que passa a mão na cabeça. Só existe o tráfico porque tem o consumo”, fala.
Hoje, no Brasil, ocorrências como porte de drogas, perturbação de sossego e lesão corporal leve tem pena máxima de dois anos e, nesses casos, apenas é feito um termo circunstanciado. “Recentemente tivemos a prisão de uma traficante e os cinco usuários que encaminhamos foram ouvidos e liberados em seguida. E os usuários também estão associados ao tráfico”, afirma.
Para o relações públicas do 16º Batalhão de Polícia Militar, o 2º Tenente Fábio Zarpelon, só a questão da punição não vai ser suficiente. “É um problema bem maior e complexo, que envolve a instituição familiar. Quando a pessoa faz parte de uma família bem estruturada, onde todos são bem instruídos, dificilmente ela vai procurar a droga”, diz.

Cristina Esteche

Jornalista

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