Após quase três meses de análise, o Ministério Público Federal (MPF) considerou que o dossiê entregue pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmando que índios eram responsáveis por acidentes na BR-277, no Paraná, não comprovam os fatos apontados.
O relatório da PRF foi entregue em agosto. Nele, há várias fotos de indígenas saqueando cargas de acidentes que teriam sido provocados por eles. De acordo com a PRF, os índios colocavam objetos na rodovia para provocar as batidas. Ainda segundo o dossiê, parte dos produtos saqueados são comercializados nas cidades da região e trocados por dinheiro, mercadorias e, também, por cachaça.
Audiência pública
Nesta quinta-feira (18), representantes do MPF se reuniram com autoridades indígenas de Nova Laranjeiras, no oeste do Paraná, para uma audiência pública, com o objetivo de discutir ações para melhorar a segurança dos índios que vivem às margens da BR-277.
Durante a audiência, os caciques reconheceram a participação de alguns índios em saques, mas negam qualquer envolvimento na provocação de acidentes. “Não existe comprovação de envolvimento de indígenas desses acidentes na rodovia 277. O que há e é participação dos indígenas nos saques e, também, a participação de não indígenas”, esclareceu a procuradora Luciana Gadelha, que convocou a audiência.
Indígenas pedem segurança
Os responsáveis pela Aldeia Rio das Cobras também cobraram ações para evitar os frequentes atropelamentos de índios na rodovia. “Temos muitos parentes que já perderam vidas nesses acidentes. Então, essa BR causou uma coisa que a gente não quer”, disse o cacique Ananias Veríssimo. Eles também cobraram a construção de um centro para vender artesanato. Uma alternativa para tirá-los das margens da rodovia e para, também, para criar uma fonte de renda para a aldeia.
A procuradoria cobrou dos departamentos responsáveis pelas estradas e da concessionária que administra esse trecho, medidas para aumentar a segurança nos locais onde mais ocorrerem acidentes. Uma nova reunião está marcada para o dia 22 de novembro. “Nós esclarecemos para eles [índios] a questão da responsabilização criminal. Também verificamos a necessidade de instalação de medidas para reduzir a velocidade do motoristas aqui na BR-277”, explicou Gadelha.
Com informações de G1. Imagem reprodução do dossiê.