O despertador fica do lado de fora, no galinheiro. Quando o galo canta às 5h30 é sinal de que o dia de trabalho vai começar. Não adianta querer ficar mais tempo na cama. O corpo, com 70 anos de idade, se mostra cansado do colchão.
Na cozinha, o café é coado à moda antiga. Odarcilio Luiz Freitas é mineiro, gosta da bebida bem quente. Ali ele substitui o chimarrão das tradicionais famílias do Sul.
No pequeno sítio, com meio hectare, Odarcilio e a esposa, Dinora Alves de Freitas, vivem há quase 16 anos. Esse pedaço de chão é seu. O casal é morador original de uma vila rural no interior de Toledo, na localidade de Nova Concórdia, e que deu certo.
Sua propriedade é a primeira, logo na entrada da vila e não é por acaso. Entre uma enxadada e outra na horta, o aposentado não tira o olho da associação e do campo que estão logo ali na frente. Pelo quinto mandato, o agricultor é presidente da associação. Mostra com orgulho os postes que vão cercar o campo e revela. Pode ter festa a caminho. No dia 1º de dezembro, a vila comemora 16 anos de implantação
O pedaço de chão faz parte de um projeto realizado pelo então governo do Estado para a criação de vilas rurais por todo o Paraná. São mais de 400.
O que antes era um pedaço de chão que cultivava grãos, agora abriga 28 famílias. Segundo o coordenador de Meio Ambiente do escritório Regional da Emater de Toledo, Adalberto Teleska Barbosa, que acompanhou bem de perto desde a implantação do projeto, o que se vê ali é algo para se orgulhar. “Muita gente pensava que isso fosse virar uma grande favela e na verdade não foi nada disso. A proposta original se manteve. Eles diversificaram, vivem disso e conseguem prosperar”, destacou.
A maior prova que o projeto deu certo é o fato de 80% das famílias originais se manterem na vila.
Com informações de O paraná