22/08/2023
Cotidiano

PAIXÃO DE CRISTO – A arte sacra sob um olhar contemporâneo

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O espetáculo da Paixão de Cristo é realmente feito por anônimos. São pessoas comuns, artistas ou não, que emprestam talento e dedicação para dar vida a personagens bíblicos que compõem a história mais atroz da humanidade, que é o linchamento de Jesus Cristo.
O espetáculo que atrai mais de 50 mil pessoas até a Praça da Fé na Sexta-Feira Santa, tem a marca do talento da Companhia de Teatro Arte e Manha (leia-se Rita Felchak), responsável pela produção e direção da Paixão de Cristo.
Entre os 600 atores amadores que incorporam os vários personagens e entre as dezenas de artistas que trabalham nos bastidores, a arte de Alex Kua (foto) se estampa nos 21 painéis gigantes que compõem o cenário de sete metros cada um. Destes, sete são as estações da Via Sacra.
Com a preocupação de que o espetáculo tenha uma mesma linguagem, entre as várias que o compõem, a arte plástica materializa nesses painéis que remetem ao templo dos sacerdotes, aos castelos, aos muros de pedras.
Nas cores escolhidas pelo artista predomina a tonalidade ocre com pinceladas de vermelho e de preto.
A inspiração para o trabalho Kua foi buscar em momentos de reflexão. “Me retirei por alguns dias na minha chácara e pensei muito. Acabei lembrando que aos 8 anos de idade fui morar num seminário onde conheci um padre que é artista. Ele tirava fotos, revelava e ampliava em Eucatex branco, tirava as sombras e pintava em vermelho e preto”, conta.
Kua acha que a arte sacra tem que evoluir e entrar para o mundo contemporâneo, a exemplo do que padre já fazia.”Então busquei essa inspiração e passei a fazer esse trabalho só com sombras. Isso pode ser visto na cena dos carrascos, onde evidenciei luzes em Jesus Cristo”, detalha.
Outra idéia explorada pelo artista foi dar uma idéia de padronagem, de volume de tecidos e também outros painéis remetendo a muros de pedras, todos suspensos por cabos de aço. “É para dar a idéia de muro, de templo, dos castelos de Salomé”, explica.
Esses painéis são giratórios e se unem a outros que remetem a pergaminhos que mostram cenas que estão acontecendo nos palcos.
“Para dar maior realidade fiz um tingimento com terra me inspirando nas quedas de Jesus Cristo. Tudo muito contemporâneo, dentro de uma concepção de artes plásticas muito própria, minha”, afirma Alex Kua.
Para a montagem da parte que coube a ele, o artista trabalhou 15 dias.

Cristina Esteche

Jornalista

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