Pinhão – Faxinal do Céu está sediando o 1.º Simpósio de História e Cultura Afrobrasileira, Africana e Quilombola. O evento começou na segunda-feira (13), no Centro de Formação Continuada Faxinal do Céu.
O Kundun Balê – Quilombo Paiol de Telha foi convidado para enriquecer o evento.
Participam 650 professores das equipes multidisciplinares de História e Cultura Afro, representantes de comunidades quilombolas e membros do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial. O evento é realizado pelo Departamento da Diversidade (Dedi) da Secretaria da Educação, e vai até quinta-feira (16).
O simpósio tem como objetivo promover a formação continuada de professores da rede estadual de ensino acerca dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afrobrasileira, Africana e Quilombola, atendendo ao que é estabelecido pela legislação específica, a Lei 10.639/03), promovendo discussões teórico-metodológicas. Além das conferências, serão realizados debates, oficinas, apresentação de filme e exposição de pôsteres.
Segundo Wagner Roberto do Amaral, chefe do Departamento da Diversidade, o simpósio abre a agenda dos compromissos que a Secretaria da Educação tem em relação à política racial, deliberados pelo Conselho Estadual de Educação, tornando-se espaço para avaliação, troca de experiências e planejamento. É mais como um ponto de partida para a retomada desta questão, proporcionado algumas ações institucionalizadas dentro da perspectivas das escolas, explicou.
Uma das intenções do evento é organizar dentro dos regimentos internos das escolas a função das equipes disciplinares que tratam da cultura afrobrasileira, processo que tem sido realizado desde 2006. Deve-se criar a possibilidade de que cada escola paute a Lei e desenvolva uma agenda local de eventos e ações. Assumindo efetivamente de forma institucional esta questão, comentou.
Ele destacou também que o simpósio serve para o reconhecimento do recém-criado Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais e Afrodescendência. Amaral ainda confirmou a realização de outro simpósio no segundo semestre deste ano, além de mais dois encontros, um para educadores negros e outro para o Fórum Permanente.
QUILOMBOLAS Para Cassius Marcelus Cruz, coordenador do Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais e Afrodescendência, o evento servirá para evidenciar uma proposta para as instituições de ensino que oferecem atendimento escolar às comunidades quilombolas. É preciso lembrar que as comunidades, na sua maior parte, têm uma realidade rural, e sofrem as mesmas dificuldades que existem na educação do campo, como, por exemplo, o difícil acesso, explicou.
Cruz salientou que os alunos quilombolas possuem características étnico-raciais que determinam sua identidade cultural e que por isso, acabam sofrendo preconceitos nas escolas. Há uma necessidade de se pensar o processo de como se dá o ensino com estas comunidades, como se dá a escolarização, porque, muitas vezes, o ensino é voltado aos valores da cidade, sem considerar as especificidades do campo. A escola ainda não trabalha de forma articulada a cultura e os processos educativos que já existem nas comunidades, relatou.
William Barbosa, aluno integrante do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade Federal do Paraná (Neab/UFPR), afirmou que o debate sobre a implantação da lei ocorre desde 2003, e que a educação paranaense está à frente nestas discussões. Já há várias experiências em todo o Brasil mas o trabalho que o Governo do Paraná e a Secretaria da Educação estão realizando não vi semelhante em outro lugares.
Barbosa ainda destacou a forma inovadora de se reunir os profissionais da Educação para a concretização dos objetivos do evento. Há toda uma mobilização dentro da Secretaria, por meio do Núcleo da Diversidade, para que existam debates quanto à legislação. Isso só vem a ajudar porque é um esforço importante para que as coisas de fato aconteçam, falou.
Ele também comentou que um entrave é a mentalidade dos educadores que ainda têm uma resistência em aceitar o que a legislação determina. A Educação, desde o Império, é direcionada para atender às elites e isto ainda perdura, disse. Para ele, a realização destes eventos terão resultados futuros. O avanço que será proporcionado daqui a 10 anos é muito maior. É desta forma que também se luta por uma educação democrática e igual para todos.
Para Jester Furtado, professor de Artes do Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Sul, o evento é necessário porque promove a capacitação dos professores. Vamos nos alimentar de informações, conhecimentos, experiências, práticas e relatos, voltando mais enriquecidos no que se refere à temática afro, disse. Desta forma, o professor prevê que terá uma melhor atuação ao abordar a temática dentro das unidades de ensino. É preciso romper com os paradigmas existentes em sala de aula, explorando o tema com naturalidade, e há algumas pessoas tem uma certa dificuldade em falar sobre o assunto.