22/08/2023
Educação

Kundun é convidado para I Simpósio de História e Cultura Afrobrasileira, Africana e Quilombola

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Pinhão – Faxinal do Céu está sediando o 1.º Simpósio de História e Cultura Afrobrasileira, Africana e Quilombola. O evento começou na segunda-feira (13), no Centro de Formação Continuada Faxinal do Céu.
O Kundun Balê – Quilombo Paiol de Telha foi convidado para enriquecer o evento.
Participam 650 professores das equipes multidisciplinares de História e Cultura Afro, representantes de comunidades quilombolas e membros do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial. O evento é realizado pelo Departamento da Diversidade (Dedi) da Secretaria da Educação, e vai até quinta-feira (16).
O simpósio tem como objetivo promover a formação continuada de professores da rede estadual de ensino acerca dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afrobrasileira, Africana e Quilombola, atendendo ao que é estabelecido pela legislação específica, a Lei 10.639/03), promovendo discussões teórico-metodológicas. Além das conferências, serão realizados debates, oficinas, apresentação de filme e exposição de pôsteres.
Segundo Wagner Roberto do Amaral, chefe do Departamento da Diversidade, o simpósio abre a agenda dos compromissos que a Secretaria da Educação tem em relação à política racial, deliberados pelo Conselho Estadual de Educação, tornando-se espaço para avaliação, troca de experiências e planejamento. “É mais como um ponto de partida para a retomada desta questão, proporcionado algumas ações institucionalizadas dentro da perspectivas das escolas”, explicou.
Uma das intenções do evento é organizar dentro dos regimentos internos das escolas a função das equipes disciplinares que tratam da cultura afrobrasileira, processo que tem sido realizado desde 2006. “Deve-se criar a possibilidade de que cada escola paute a Lei e desenvolva uma agenda local de eventos e ações. Assumindo efetivamente de forma institucional esta questão”, comentou.
Ele destacou também que o simpósio serve para o reconhecimento do recém-criado Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais e Afrodescendência. Amaral ainda confirmou a realização de outro simpósio no segundo semestre deste ano, além de mais dois encontros, um para educadores negros e outro para o Fórum Permanente.

QUILOMBOLAS – Para Cassius Marcelus Cruz, coordenador do Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais e Afrodescendência, o evento servirá para evidenciar uma proposta para as instituições de ensino que oferecem atendimento escolar às comunidades quilombolas. “É preciso lembrar que as comunidades, na sua maior parte, têm uma realidade rural, e sofrem as mesmas dificuldades que existem na educação do campo, como, por exemplo, o difícil acesso”, explicou.
Cruz salientou que os alunos quilombolas possuem características étnico-raciais que determinam sua identidade cultural e que por isso, acabam sofrendo preconceitos nas escolas. “Há uma necessidade de se pensar o processo de como se dá o ensino com estas comunidades, como se dá a escolarização, porque, muitas vezes, o ensino é voltado aos valores da cidade, sem considerar as especificidades do campo. A escola ainda não trabalha de forma articulada a cultura e os processos educativos que já existem nas comunidades”, relatou.
William Barbosa, aluno integrante do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade Federal do Paraná (Neab/UFPR), afirmou que o debate sobre a implantação da lei ocorre desde 2003, e que a educação paranaense está à frente nestas discussões. “Já há várias experiências em todo o Brasil mas o trabalho que o Governo do Paraná e a Secretaria da Educação estão realizando não vi semelhante em outro lugares”.
Barbosa ainda destacou a forma inovadora de se reunir os profissionais da Educação para a concretização dos objetivos do evento. “Há toda uma mobilização dentro da Secretaria, por meio do Núcleo da Diversidade, para que existam debates quanto à legislação. Isso só vem a ajudar porque é um esforço importante para que as coisas de fato aconteçam”, falou.
Ele também comentou que um entrave é a mentalidade dos educadores que ainda têm uma resistência em aceitar o que a legislação determina. “A Educação, desde o Império, é direcionada para atender às elites e isto ainda perdura”, disse. Para ele, a realização destes eventos terão resultados futuros. “O avanço que será proporcionado daqui a 10 anos é muito maior. É desta forma que também se luta por uma educação democrática e igual para todos”.
Para Jester Furtado, professor de Artes do Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Sul, o evento é necessário porque promove a capacitação dos professores. “Vamos nos alimentar de informações, conhecimentos, experiências, práticas e relatos, voltando mais enriquecidos no que se refere à temática afro”, disse. Desta forma, o professor prevê que terá uma melhor atuação ao abordar a temática dentro das unidades de ensino. “É preciso romper com os paradigmas existentes em sala de aula, explorando o tema com naturalidade, e há algumas pessoas tem uma certa dificuldade em falar sobre o assunto”.

Cristina Esteche

Jornalista

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