22/08/2023


Agronegócio

Estoques altos devem segurar preço do milho

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A colheita do milho está se encaminhando para a fase final na região de Guarapuava, com cerca de 90% da área já colhida. As produtividades oscilaram bastante neste ano devido às estiagens que ocorreram em algumas microrregiões, causando uma queda nas médias em relação à safra passada.
Aliado às produtividades oscilantes está o preço dos grãos, que vem se mantendo em baixa há vários meses e, por enquanto, sem perspectiva de melhora. Soma-se a isso o alto custo de implantação da cultura do milho, acentuado pelo aumento nos preços dos fertilizantes, e tem-se um cenário de baixa liquidez. Em alguns casos, o custo é igual ou maior que a receita.
Mas se a situação não está agradando muito produtores e profissionais da área do município e abrangências, outras regiões do Estado se deparam com uma situação bem mais grave. É que a falta de chuvas entre os meses de novembro e dezembro do ano passado afetou com mais intensidade os milharais das regiões de Cascavel, Palotina e Toledo (Oeste), Campo Mourão e Umuarama (Centro-Oeste a Noroeste), Cornélio Procópio e Jacarezinho (Norte Pioneiro), além de municípios no Sudoeste do Paraná, como Francisco Beltrão e São João.
O preço da saca do milho na casa dos R$ 17 não traz ao produtor boa rentabilidade, já que seu custo de produção é muito alto. E nem para quem não precisa vender o produto com tanta urgência as notícias são animadoras, em função dos altos estoques.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no começo de 2008 o estoque brasileiro era de 3,3 milhões de toneladas, número que saltou este ano para 11,9 milhões de toneladas. Mesmo com perdas significativas na produtividade, principalmente no Paraná e Rio Grande do Sul, ainda devem sobrar 7,8 milhões de toneladas no final de 2009.
Já o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostra a exportação do milho em alta. Em janeiro e fevereiro foram exportados 2,1 milhões de toneladas, peso bem maior quando comparado ao mesmo período de 2008, quando embarcou 712 mil toneladas.
Para muitos, a soja é a salvação

O milho, além de não trazer o lucro pretendido, ainda pode estar roubando parte da lucratividade vinda de outras culturas como a soja. Para o engenheiro agrônomo Rafael Chioquetta, em muitos casos o lucro da soja irá arcar com as perdas do milho.
As cultivares mais precoces já começaram a ser colhidas em Guarapuava e as produtividades vêm se mostrando satisfatórias. “Esta cultura não teve problemas com estiagem”, esclarece.
Segundo ele, os produtores estão esperançosos com os preços da soja, que reagiram na última semana devido ao relatório norte-americano que apontou uma queda nas intenções de plantio nos Estados Unidos.
“A alta dos preços da soja, aliada ao menor custo de implantação (em relação ao milho) nos leva a um cenário de boa liquidez. Porém, muitos produtores terão que cobrir o prejuízo do milho”, observa Chioquetta.

Cristina Esteche

Jornalista

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