A Copel acaba de retirar 105,7 toneladas de detritos acumulados nas grades da tomada d’água do reservatório da Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto (Foz do Areia). A limpeza envolveu o trabalho de uma equipe de 20 profissionais, sendo 12 mergulhadores especialmente preparados para mergulho em profundidade. Eles chegam a submergir quase 40 metros. O trabalho ajuda a melhorar a vazão de água que desce pelos condutos até as turbinas, otimizando a produção de energia.
Para a remoção de tamanha quantidade de entulho foram necessários dez dias, ou melhor, noites de trabalho. Isso porque todo o processo foi realizado durante o período noturno, das 22 às 7 horas. O horário, definido pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), foi escolhido de forma a não prejudicar a produção de energia, uma vez que o consumo é menor durante a madrugada.
As grades que protegem a entrada dos condutos funcionam como enormes peneiras para evitar que grandes detritos que vêm com o rio, como troncos de árvores, desçam junto com a água às turbinas. Isso poderia danificá-las gravemente. No entanto, após anos acumulando sujeira, esses “filtros” ficam sobrecarregados, restringindo a passagem da água. “Além de otimizar a geração de energia, o procedimento de limpeza garante também a segurança da instalação, evitando que os esforços sobre os painéis que constituem as grades excedam os limites definidos em projeto”, explica o engenheiro mecânico Agenor Bezerro Tourinho Jr., gerente da usina GBM.
OPERAÇÃO
A operação para a retirada é realizada com 12 mergulhadores, divididos em duplas. Em turnos, eles se revezam para a descida, acompanhados de uma gaiola onde é acomodado o material removido que será içado à superfície.
Os mergulhos nesta operação alcançaram entre 32 e 37 metros de profundidade, até chegar à área onde pedaços de madeira se acumulam e restringem parcialmente a entrada da água que desceria pelos condutos de sete metros de diâmetro. A limpeza é feita em cinco painéis de três metros de altura por dez metros de largura cada, posicionados um em cima do outro. A estrutura fica na entrada de cada um dos condutos forçados.
Cada dupla de mergulhadores permanece, em média, 70 minutos dentro da água, 55 deles gastos para a retirada dos materiais e os 15 restantes para deslocamentos e descompressão. A cada noite, foram retiradas entre 10 e 14 toneladas de detritos. Uma atividade arriscada, que exige preparo e organização da equipe (veja box).
MAIS EFICIÊNCIA
A Usina GBM vem passando por etapas sequenciais de limpeza das grades, embora esta última tenha sido a mais expressiva em quantidades removidas. No ano passado, foram retiradas 82,5 toneladas de detritos em duas operações. E este ano, além desta operação de janeiro, estão previstas ainda outras três. “Ao final de todo o processo, a perda de carga nas grades de nossas unidades geradoras estará em níveis confortáveis, muito abaixo do limite definido em projeto”, espera o gerente Agenor Bezerro Tourinho Jr.
ETAPAS
O mergulho para limpeza das grades do reservatório segue algumas etapas. São elas: – Com o auxílio de um guindaste é mergulhada uma cesta metálica, equipada com eslingas e manilhas.
– A cesta fica apoiada no fundo do reservatório, próximo à soleira e na região onde estão acomodados os entulhos.
– A dupla de mergulhadores acessa a linha d’água por meio de uma plataforma com guinchos hidráulicos. Em seguida, mergulha até a cesta e começa a enchê-la com as madeiras que estão soltas e possíveis de serem manuseadas.
– Os troncos maiores são amarrados com o auxílio das eslingas e manilhas.
– Esgotando-se o tempo máximo permitido para o mergulho, a dupla deixa o fundo e faz uma parada para descompressão de 8 minutos na água. Depois, deixa a água e entra na câmera hiperbárica, onde a descompressão é finalizada após a permanência por 43 minutos a uma pressão adequada.
– Quando os mergulhadores saem da água, o guindaste iça a cesta com as madeiras, que são descarregadas em área apropriada.
ATIVIDADE DE RISCO E PRECISÃO
A altitude da tomada d’água em Foz do Areia é de 748 msnm (ou metros sobre o nível do mar). Por isso, a descompressão que os mergulhadores sofrem ao sair da água é consideravelmente maior do que se estivessem no mar. O tempo de descompressão na câmera hiperbárica é, portanto, aumentado, a fim de evitar doenças descompressivas.
– Mesmo com a iluminação instalada nas máscaras de mergulho, a visibilidade da água é muito baixa. O raio de visão do mergulhador é de aproximadamente um metro, e o profissional depende muito do tato para realizar a atividade.
– Justamente devido a essa baixa visibilidade, existe ainda o risco de o umbilical (mangueira que supre ar ao mergulhador) prender-se debaixo de algum tronco. Por isso – e pelos motivos já expostos -, os mergulhadores são equipados com sistema de filmagem e fonia. Assim, toda a atividade é acompanhada da superfície, em tempo real. E há ainda uma equipe preparada para entrar em ação no caso de uma eventual emergência