Guarapuava – A quebra na safra e o dinheiro mal investido, além de causar prejuízos econômicos, está causando outro tipo de transtorno para pequenos produtores rurais de Guarapuava e região: o corte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Isso porque o número de inadimplentes está acima do determinado. Enquanto que o permitido é até 2% do total que contratam o benefício, municípios da região, incluindo Guarapuava, estão bem acima desse percentual. Em alguns casos, como em Goioxim, há 18% de agricultores inadimplentes. No Paraná, aproximadamente 112 municípios estão com inadimplência acima de 5%, com um montante que soma R$ 70 milhões.
Esse foi o motivo de diversas mobilizações feitas por municípios da região, pois muitos já ultrapassaram bastante esse limite. Mas não é algo recente, só que agora teve um chamamento maior, autoridades do setor foram para Curitiba para conversar melhor, pois muita gente não tinha acordado para essa situação, comenta o chefe do Núcleo Regional da Seab, Lícius Pollatti Schühli (foto).
Segundo ele, o questionamento é que a maioria vai ser punida em função de uma minoria inadimplente. Isso prejudica todos os produtores e 95% sofre por causa de 5%, aponta. Para agravar ainda mais a situação, muitos municípios apresentam em seus cadastros oficiais agricultores de outras cidades e até pessoas que já não estão mais na atividade rural. Entramos num acordo de que iríamos buscar esses inadimplentes para ver o motivo do não pagamento e tentar reverter. Guarapuava é um dos municípios com inadimplência, inclusive com casos não reais, com produtores cadastrados que nem pertencem à cidade, observa Schühli.
O Gerente de Segmento do Banco do Brasil, Hélio Freitas Schultz Júnior, não quis falar qual o percentual de inadimplência em Guarapuava. Deteve-se em descrever a situação como um pouco alta e confirmou que os empréstimos estão travados. Fizemos algumas reuniões com órgãos envolvidos e o problema está melhorando, de fevereiro até o momento o índice já caiu por volta de 50%, mas ainda estamos impedidos de operar o Pronaf em Guarapuava. O banco está torcendo para já no próximo mês retomar as operações, pois é muito ruim não poder fazer esses financiamentos, fala.
Além de Guarapuava, municípios como Goioxim, Campina do Simão, Cantagalo, Palmital e Laranjal também estão nessa situação. De acordo com o auxiliar administrativo do Sindicato dos Trabalhadores de Goioxim, Geovani de Carvalho, o índice chega a 18% na cidade. Estamos tentando negociar pelo menos a liberação de investimentos, já que o custeio tem demanda a partir de julho, conta. O motivo do alto índice de inadimplência, para ele, está no mau investimento feito pelos agricultores. O pessoal investiu mau e muitas desviaram o dinheiro para comprar carro novo ou reformar a casa, emenda.
Em Cantagalo, o índice está entre 7% e 8%. Os produtores estão sendo chamados e orientados a fazer o pagamento, mas o banco ainda está segurando. Existem alguns raros casos que estão conseguindo recurso, mas precisam apresentar até dois avalistas como garantia, revela o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores, Marciano Zancarosso.
Para ele, as complicações da falta de crédito vai refletir no futuro, com a diminuição da bacia leiteira e falta de maquinários, matrizes e calcário. A gente sabe que o comércio também vai sentir com isso, acrescenta.