22/08/2023


Educação

Treze índios cursam a Unicentro

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Desde que a lei 13.134/01 foi criada, o número de índios nas universidades estaduais do Paraná vem aumentando. Se no início a lei garantia três vagas por instituição, depois de 2006, com a lei 14.995, o número foi ampliado para seis.
Hoje, na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), 13 índios kaingang e guarani estudam nos mais variados cursos como Administração de Empresas, Pedagogia, Serviço Social, Agronomia, Veterinária e Fisioterapia.
De acordo com a professora e pesquisadora de educação indígena, Déa Maria Ferreira Silveira (foto), quatro índios já estão formados e três deles trabalham nas próprias aldeias. Porém, segundo ela, o número poderia ser bem maior. “Eles têm acompanhamento pedagógico, mas a diferenciação é só na entrada, depois eles são tratados igualmente. Muitos acabam desistindo em função das dificuldades e saudades da aldeia, não se adaptam com a universidade, pois é um mundo completamente diferente do que estavam acostumados”, observa.
Para ela, um dos maiores problemas está na língua, já que o português é a segunda língua deles. “Na aldeia eles falam a língua materna e depois eles vão para a escola e começam a fazer a transição da língua. Como os professores não são todos índios, aliás essa foi minha luta enquanto estava fazendo mestrado, eles acabam sofrendo. Geralmente as professoras que lecionavam nas aldeias já estavam no fim de carreira ou bem no começo, ainda com pouca experiência. Quase não tinha professores índios e, quando existia, o professor falava com os alunos em kaingang, mas não era permitido ensinar na língua deles, então tinha que escrever no quadro em português. As crianças repetiam em kaingang e copiavam em português”, conta Déa.
O Paraná foi pioneiro ao facilitar o acesso de índios ao ensino superior gratuito. Atualmente outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Distrito Federal também adotam o sistema de cotas.

Cristina Esteche

Jornalista

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