Movimento de Mulheres do Bairro Primavera reflete sobre excluídos da sociedade

Os direitos da mulher na lei e na vida. Este é o tema da 10ª edição da Romaria da Mulher que acontecerá em Guarapuava no domingo (10), organizada pelo Movimento de Mulheres do Bairro Primavera. Como acontece tradicionalmente, as participantes serão recebidas às 8 horas, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, para um café da manhã.

Muito mais do que uma caminhada, a romaria coroa o trabalho desenvolvido assiduamente pelas participantes e que tem a política do gênero como “pano de fundo”. Isso pode ser observado na proposta visual do evento. O panfleto que divulga a romaria traz como capa uma ilustração da deusa Themis, que simboliza a justiça. O que chama a atenção é que essa imagem é colocada como os olhos abertos (a original tem os olhos fechados), é negra, com as cores do arco íris remetendo ao movimento LGBT (lésbicas, gays e bi transexuais), motivos indígenas e na balança traz as cores invertidas dos símbolos masculino e feminino.

De acordo com o Movimento de Mulheres do Bairro Primavera, Themis é a deusa grega da justiça representada por balança na mão esquerda, uma espada na mão direita e com os olhos vendados. “A venda pretende passar uma imagem da justiça que, cega, concede a cada um o que é seu sem conhecer as partes. Imparcial, não distingue o sábio do analfabeto; o forte do fraco”. Porém, de acordo com o Movimento, “vivemos perante uma justiça que ouve falar de injustiças, mas, por ser cega, não as vê”. A partir dessa interpretação é que foi concebido o conceito da romaria. “Por isso, tiramos a venda da Themis, para que a justiça possa enxergar as diferenças e julgar igual os iguais e desigual os desiguais”, diz o Movimento. “A justiça que queremos enxerga com olhos bens e despertos, é justa, prudente e imparcial, vê a impunidade, a pobreza, o choro, o sofrimento, a tortura, os gritos de dor e a desesperança dos necessitados que lhes batam à porta”. De acordo com a Irmã Lia, do Albergue Noturno de Guarapuava, uma lei que não promove a vida, não é uma lei justa.

Com base nessas reflexões que resultaram de vários debates entre as ativistas que compõem o Movimento de Mulheres do Bairro Primavera, o símbolo da 10ª Romaria da Mulher é Themis sem venda , com venda nos olhos, negra, com vestes com as cores do movimento LGBT, com desenhos indígenas e com anel de tucum (anel preto que identifica as pessoas comprometidas com as causas sociais) no dedo anular da mão esquerda. “Tudo isso foi caracterizado para representar as pessoas excluídas da sociedade e os movimentos sociais q ue lutam contra essas injustiças. O símbolo na balança representa o equilíbrio entre o feminino e o masculino”, explica Neoci Schran, uma das organizadoras do evento.