22/08/2023
Saúde

Para especialista, atendimento em rede é a solução para Atenção Primária à Saúde

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Para o consultor em saúde, Eugênio Vilaça Mendes, a solução para o atendimento à Atenção Primária de Saúde em Guarapuava está nas Redes de Atenção à Saúde. “A Rede é um sistema inteiro que se desenvolve em cinco componentes: atenção primária que coordena a rede, que vincula a população; atenção secundária, os ambulatórios especializados e os hospitais de média e alta complexidade; os sistemas logísticos, regulação, transporte sanitário, registro eletrônico em saúde; e os de apoio, assistência farmacêutica, apoio diagnóstico terapêutico. Esse conjunto todo está em rede com um sistema de governança. Não se integra só a atenção primária com o laboratório e com o hospital, mas também com o centro de imagem, farmácia e etc. Mas para isso é preciso certo sistema logístico: prontuário eletrônico, que circule em toda a parte do sistema e inteligência reguladora, essa é idéia de rede”, explicou Eugênio.

A proposta do consultor foi apresentada hoje (08), durante evento da Secretaria Municipal de Saúde que está propondo mudanças no sistema de saúde pública em Guarapuava . O evento, que segue até amanhã (09), terá como parte final a elaboração do planejamento estratégico do setor para os próximos quatro anos.

Eugênio presta consultoria para o Município para ajudar a elaborar um programa sólido, que contribua para a melhoria dos serviços prestados no setor de Saúde. Segundo ele, o Município pode usar a estrutura que possui, basta organizá-la, para sentir reflexos positivos de mudança em um curto espaço de tempo. “Um dos segredos para que atendimento na Saúde se torne eficiente, é a organização. É a criação de equipes com multiprofissionais, e isso muitas vezes pode ser feito com a própria estrutura que já existe, é só organizar”, acrescentou.

O consultor apresentou ainda proposta de melhoria para a Atenção Primária de Saúde (APS), também como alternativa de aplicar maior eficiência na Saúde. “A Atenção Primária à Saúde é entendida como um conjunto de intervenções de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação”, destacou. Segundo Eugênio, “a APS é desenvolvida por meio do exercício de prática gerencial e sanitária, democrática e participativa, sob a forma de trabalho em equipe, dirigido às populações de territórios bem delimitados, a respeito das quais assumem responsabilidade. Devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância da população e ser o contato preferencial dos usuários com o Sistema de Saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade (ao sistema), continuidade, integralidade, responsabilização, humanização, vínculo, equidade e participação social”.

Ainda de acordo com o consultor, a utilização de tecnologia é fundamental porque para atenção primária funcionar ela tem que ser responsável por toda a rede vinculando toda população. “Na atenção primária tem que ter toda a população cadastrada nas unidades familiares e isso é muito difícil fazer sem prontuário eletrônico e sem o registro eletrônico de saúde. E não basta cadastrar as famílias, tem que cadastrar os hipertensos, por exemplo, e estratificar por risco todos os portadores de condições crônicas. Quando se trabalha com boa atenção primária se trabalha o médio e baixo riscos e só se beneficiam de especialistas os 25% dos hipertensos que tem alto ou muito alto risco, de baixo e médio não devem ir aos especialistas, pois o especialista tem uma clinica diferenciada, voltada à doença. Vai criando um acorde de tal sofisticação que o modelo de condição crônica sem o sistema de informação eletrônica não opera. Essa é a ruptura que precisa ser feita no setor público e no privado”, disse.

CURRÍCULO

Eugênio Vilaça Mendes é formado em odontologia e tem mestrado em Administração. Destacou-se como sanitarista, oferecendo grande contribuição para a melhoria da saúde pública no Brasil, além de conquistar reconhecimento internacional. Depois de coordenar as ações do Instituto de Preparo e Pesquisa para o Desenvolvimento da Assistência Sanitária Rural (Ippedasar), em Montes Claros, entre os anos de 1972 a 1974, desenvolveu carreira na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, tendo exercido várias funções. Foi consultor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Cristina Esteche

Jornalista

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