22/08/2023

Agora, apenas a lembrança!

Como diz o jargão popular, a vida é uma chama acesa à mercê de um assopro do destino. Todos sabem disso e é comum ver alguém repetir isso nas mais variadas ocasiões para traduzir a linha tênue entre a vida e a morte. Porém, só nos damos conta disso quando alguém de nosso relacionamento encerra o seu ciclo aqui na terra sem ter dado qualquer sinal prévio de que isso estava prestes a acontecer.

Na tarde de ontem, quarta-feira, fui surpreendida com a noticia que não gostaria de ter recebido. A minha amiga Dulce Cordova fechou o seu prazo de validade por estas paradas. Morreu dormindo, literalmente. Há muito não a via e não lembro de quando ela esteve em minha casa, já que costuma vir poucas vezes à terra natal. Mas os nossos laços eram grandes e fortes, mesmo à distância. Afinal, a ela confiei as bençãos do meu filho mais velho, o Diego.

A gente é assim mesmo. Se deixa engolir pela correria do dia a dia, atrás de coisas materiais e acaba deixando de lado o que realmente importa. As horas, os dias, os anos, a fase da vida compartilhada com as pessoas com quem nos afinamos. As tardes agradáveis, as risos, as lágrimas, as perdas, as conquistas, os amores, os desamores, a alegria, as decepções, os sonhos. Enfim, as fases divididas, mas somadas pela cumplicidade da amizade. Mas aí, como diz Chico Buarque, a gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destina prá lá. Fica apenas a lembrança de uma fase vivida juntas e compartilhada com outros amigos, também distantes, afastados pela distância, pelo destino de cada um.

Cristina Esteche

Jornalista

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