22/08/2023
Política

Em meio a expectativas, Bernardo assume a frente da CPI do Pedágio

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Não era só a expectativa pela instalação da CPI dos Pedágios. As atenções se voltavam, também, para saber quem seria o deputado que assumiria a dianteira nas investigações sobre uma das mais nebulosas transações envolvendo o dinheiro dos paranaenses, que depositam seu dinheiro toda vez que passam pelas catracas das concessionárias que administram as rodovias estaduais, com uma das tarifas mais caras do Brasil.

A surpresa ficou reservada para a manhã desta segunda-feira (15), na primeira reunião depois que a Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada na Assembleia Legislativa: o deputado estadual Bernardo Ribas Carli, de Guarapuava, ganhou o maior destaque sobre os demais membros. E a ele caberá a missão para a qual foi instaurada a CPI, que é romper com os atuais contratos e atender à principal reivindicação dos proprietários de veículos que transitam pelas estradas pedagiadas: reduzir drasticamente as tarifas, em níveis três a quatro vezes menores que os valores atuais.

Bernardo Carli tem como tarefa reverter os preços para patamares iguais e até inferiores que os praticados em Santa Catarina. No estado vizinho, as rodovias com pedágios são duplicadas e a tarifa é menos que a metade da cobrada no Paraná. Aqui, a reclamação é geral. As concessionárias não cumpriram a meta de duplicar as estradas e os custos sobrecarregam donos de automóveis, ônibus e caminhões.

MÃO NO BOLSO

Na foto oficial dos integrantes da CPI do Pedágio, Bernardo Carli aparece em primeiro lugar.
Para atender ao clamor popular, que já motivou até o fechamento de estradas, Carli terá que mexer no lucro exorbitante das concessionárias. De 1998 a 2012, segundo a Associação Brasileira de Cessionárias de Rodovias (ABCR), as praças de pedágio no Paraná arrecadaram a estupenda cifra de R$ 10.550.355.500,00. Os investimentos cresceram apenas 7,4% (R$ 300 milhões em 2012) e a arrecadação no mesmo período teve aumento de 279%, alcançando R$ 1,53 bilhão no ano passado.

A CPI do Pedágio liderada por Bernardo Carli terá que encontrar caminhos no Paraná para aumentar os investimentos das concessionárias, que deveriam já ter sido realizados (duplicação de trechos, por exemplo) e não foram, e diminuir a patamares aceitáveis as tarifas pagas pelo consumidor. Em Santa Catarina, estudam revelam que, mesmo com preços menores, as concessionárias acumulam altos lucros, levando à população a se mobilizar por mais melhorias nas estradas. Se no estado vizinho é assim, é possível imaginar como são os lucros das concessionárias no Paraná, onde os investimentos são ainda menores.

A Comissão de Inquérito dispõe de 120 dias, prorrogáveis por mais 60, para dar essas respostas ao povo paranaense.
 

Cristina Esteche

Jornalista

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