22/08/2023
Segurança

Corrupção no programa Compra Direta tinha também fins eleitoreiros

A prisão preventiva de coordenadores do programa Compra Direta em 11 municípios do Paraná envolvidos na Operação Agro Fantasma desmantela uma quadrilha que tirava proveito do programa federal, desviando recursos. As prisões aconteceram em Guarapuava, Candói, Foz do Jordão, Pinhão, Honório Serpa, Ponta Grossa, Irati, Rebouças, Teixeira Soares, Inácio Martins, Fernandes Pinheiro, Itapejara D’Oeste, Goioxim e Querência do Norte.Uma das estratégias era a simulação da entrega de produtos, superfaturamentos e desvio de recursos. Em alguns casos, a corrupção era praticada com fins eleitoreiros.

Isso ficou caracterizado também em Guarapuava com a prisão do ex coordenador da Carmug (Central das Associações Rurais do Município de Guarapuava) que também respondia pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente. Um ex presidente, que assinou o convênio com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), teve condução coercitiva. É  que a administração do ex prefeito Fernando Ribas Carli criou um projeto paralelo, o Eco Feira, via Carmug, que utilizava recursos da Conab para o repasse de produtos a quem coletava o lixo reciclável. O projeto era coordenado pela Secretaria Municipal de Agricultura, cujo secretário era  o atual vereador Milton Roseira Junior. Mais tarde ele pediu exoneração do cargo e quem assumiu foi o técnico Milton Melo. Roseira Junior foi procurado pela Rede Sul de Notícias para comentar o caso, mas não retornou as ligações.

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A Polícia Federal de Guarapuava, responsável pelas investigações, ainda não divulgou o balanço final da Operação, segundo a PF. Até ontem terça feira (24), a polícia tinha cumprido 11 mandados de prisão preventiva; 06 mandados de suspensão cautelar de função pública; 37 mandados de busca e apreensão;34 mandados de condução coercitiva; 03 prisões em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. “Ainda há rescaldos da operação”, disse o setor de Comunicação Social da PF em Guarapuava. O delegado Mauricio Todeschini ainda está em Curitiba.  A PF ainda mantém em sigilo os nomes das pessoas envolvidas.

As investigações começaram em 2011 com denúncias feitas pelo agricultor Orildo Dagostini  à Polícia Federal e à Rede Sul de Noticias,  resultando na Operação Feira Livre em Foz do Jordão. Quatro pessoas foram presas  no dia 16 de novembro de 2011 quando o vereador Cleberson Senhorin, preso ontem  (24) estava entre elas ficando detido por cinco dias. A partir daquele momento a PF identificou ramificações ou crimes similares em outros municípios resultando na Operação Agro Fantasma  que foi divulgada ontem, terça-feira.

* Matéria atualizada às 16h33

Cristina Esteche

Jornalista

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