22/08/2023

Uma Guarapuava que os guarapuavanos desconhecem

A onda de assaltos, a frieza dos autores de assassinatos e outras ocorrências  escondem uma Guarapuava que a maioria dos guarapuavanos desconhece.  A periferia da cidade esconde a violência muda da venda e do consumo de drogas que “engole”  diariamente crianças, adolescentes, jovens. O depoimento de mulheres que vivem no núcleo habitacional Recanto Feliz, onde aconteceu o crime de um jovem de 19 anos, na noite da última terça feira (24) expõe a mazela. De segunda a segunda, usuários de drogas, grande parte é composta por meninas”, amanhecem bebendo e fumando crack a céu aberto, em frente a Associação de Moradores. São crianças que nasceram e vivem no bairro; outros que transitam de um lugar para o outro nas redondezas. Os tiros disparados contra a “cara” de Vagner Amorim, como disse o autor, um jovem de 18 anos, Richard Lenon de Lima, 18 anos, mostram o destino traçado pelas pedras do crack e que delimitam esse universo cravado no arredores de Guarapuava.

A frieza da narração de Richard sobre o crime foi chocante. Mas pior foi ouvir relatos de policiais do Pelotão de Choque da Polícia Militar. Na terça feira, mesmo dia em que Richard tirou a vida de Vagner, outros quatro adolescentes tinham sido presos pelo arrombamento e furto de um mercado na cidade no domingo. A arma utilizada para o assalto foi a mesma que  dali dois foi fatal para Vagner. Significa que a marginalidade transita entre si mesma. Os adolescentes apreendidos, entretanto, na quinta feira já estavam em liberdade e junto com Richard no momento da sua prisão. Mas o pior ainda é que todos são reincidentes. Um dos adolescentes, 14 anos, possui uma ficha policial com 14 homicídios cometidos.  Outro, que assumiu a autoria do assassinato de dois irmãos, atrás do Parque de Máquinas da Prefeitura, sumiu. Ele teria sido obrigado a assumir um crime que não cometeu e estaria querendo voltar atrás. Mas antes disso, de acordo com policiais, já tinha matado a própria mãe. Ele, agora, ninguém sabe, ninguém mais o viu.

Esses casos não aparecem, deixam mudo o cenário de violência que toma conta da cidade, não apenas na calada da noite. Esses meninos estão por aí, em todos os cantos, invisíveis, mas agindo na surdina,  sendo usados por adultos, em muitos casos. Engrossando as estatísticas do crime.

Cristina Esteche

Jornalista

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