Os resíduos resultantes da construção civil deverão, em breve, se tornar matéria-prima e oportunidade de negócios para muitas empresas no Paraná. Atendendo ao edital de chamamento da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) apresentou, nesta segunda-feira (28), em Curitiba, o protocolo de intenções para elaboração do plano de logística reversa dos resíduos da construção civil em todo o Estado.
O documento foi entregue pelo presidente Fiep, Edson Campagnolo, e representes dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) do Paraná e das regiões Oeste, Noroeste e Norte ao secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida.
O plano será desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no Paraná, que irá, primeiramente, mapear a quantidade e os tipos de resíduos da construção gerados em todo o Estado. Com o estudo em mãos os especialistas vão propor ações para gerenciar cada tipo de descarte. A expectativa é que a pesquisa seja concluída até março de 2014 e que o plano de logística reversa esteja pronto em nove meses.
Para o secretário Luiz Eduardo Cheida, a iniciativa da Fiep e do Sinduscom representa o início da solução de um grande passivo ambiental e ainda existe no Paraná.
"Mais uma vez o Paraná inova, a partir do momento que os sindicatos da construção civil estão buscando soluções conjuntas para coleta, reaproveitamento e destinação adequada deste tipo de resíduo em todo", disse.
Logística reversa é o nome dado ao processo de retorno de produtos, embalagens ou materiais para o local de origem, ou seja, em que foram fabricados. A logística reversa – medida prevista na Lei Nacional de Resíduos Sólidos (12.305/2010) e que responsabiliza fabricantes e importadores pela destinação adequada dos resíduos gerados pelos seus produtos – inclui a coleta, reciclagem e reaproveitamento dos materiais. Para as indústrias, o grande desafio é garantir que o produto pós-consumo seja reutilizado, diminuindo custos e impactos ambientais, como contaminação do solo, e aumentando a vida útil dos aterros sanitários.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, disse que os empresários paranaenses estão determinados a cumprir a legislação e estão trabalhando para isso. "Este protocolo de intenções demonstra a pró-atividade do setor industrial, que tem a oportunidade de transformar um passivo, que é o resíduo, em um ativo, que é a matéria-prima, e ainda gerar oportunidade de negócio e economia para as indústrias", afirmou Campagnolo,
que recebeu das mãos do secretário Cheida o Plano Integrado de Resíduos Sólidos do Paraná. O documento ajudará na elaboração do plano da construção civil.
Além da construção civil, outros setores da indústria paranaenses já apresentaram suas propostas para os planos de logística reversa – a indústria farmacêutica, a de reparação de veículos e a indústria metalúrgica.
Participaram do encontro o diretor de meio ambiente da Fiep, Aírton Roveda Júnior, e o coordenador de resíduos sólidos da Secretaria do Meio Ambiente, Laerty Dudas.
SINDICATOS
Para o coordenador do Conselho Setorial da Indústria da Construção Civil e presidente do Sinduscon Paraná (Curitiba e RMC), Normando Baú, a iniciativa é inédita no segmento e deve ter um forte impacto. “Estamos em busca de soluções para as grandes, médias e pequenas construtoras. Queremos mobilizar toda a cadeia, incluindo nossos fornecedores, para que toda a população possa se beneficiar do plano de logística reversa, com um destino adequado a cada resíduo e produto com o ciclo de vida encerrado”, explicou.
Para Mauro Carvalho Duarte Jr., presidente do Sinduscon Noroeste, o acordo assinado pelos quatro Sinduscon do Estado mostra que o setor está atento às questões relacionadas à sustentabilidade. “Com o plano de logística reversa queremos envolver o maior número possível de pessoas. Nossos fornecedores devem ser conscientizados sobre a importância de pensar no retorno de suas embalagens, por exemplo”, ressaltou.
GRUPO
Nesta terça-feira (29), das 9h às 17h, representantes de sindicatos e associações que geram diversos tipos de resíduos irão apresentar seus planos de logística reversa ao R20, um grupo criado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos que reúne gestores municipais das cidades responsáveis por 90% dos resíduos gerados no Paraná. O R20 busca soluções para separação, coleta, transporte e destinação final de diversos tipos de materiais descartados.
Os planos serão entregues por representantes da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmético (Abipech), Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux), da Sindicato das Indústrias de Cacau e Balas, Massas Alimentícias e Biscoitos de Doces e Conservas Alimentícias (Sincabima), Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Associação Brasileira das Indústrias de Limpeza e Afins (Abipla) e importadores de pneus.