22/08/2023

Brocador traz à tona a polêmica: Existe ética no futebol?

Muitas vezes os debates esportivos “pós – rodada” são tão interessantes ou até melhores que os próprios jogos em si. Em uma dessas “zapeadas” pelos canais esportivos me deparei  com uma situação muito chamativa em um desses programas. Enquanto reprisavam o lance do gol que deu a vitória ao Flamengo sobre o Fluminense, os comentaristas divergiam sobre a ação do atacante Hernane, que mesmo não tocando na bola comemorou o gol como se fosse seu.

Enquanto a maioria defendia o atacante, apenas um dos comentaristas se pôs contrário a todo o circo. Encabulados com a posição do colega, os profissionais rapidamente procuraram mudar de assunto e terminar a discussão assim, prematuramente. Uma pena.

Uma das justificativas mais interessantes dos defensores do flamenguista foi a seguinte. “Ele já é um dos ídolos do Flamengo, artilheiro do novo Maracanã e por isso tem que comemorar este gol”. Ora, convenhamos, Hernane não será ídolo do “Mengo” por um gol não feito que acabou em sua conta ou pela vitória em um clássico.

Ídolos não nascem com um gol ou uma boa partida, são criados ao longo de vários anos com atuações exemplares tanto dentro como fora de campo. Se quiser chegar a este patamar, Hernane não precisa fazer cortesias com o chapéu alheio. O artilheiro do Maracanã não precisa disso, o “cara” do Flamengo precisa ser acima de tudo sincero com o seu público, com quem paga ingresso para vê-lo jogar e não tentar enganá-lo, como fez neste domingo.

 Mas como podemos esperar o contrário, se em nosso futebol tenta-se a todo custo  levar vantagem até em lateral, tiro de meta, escanteio ou no cara ou coroa que decide quem dá o pontapé inicial. Ao que parece, o futebol brasileiro tem sua ética própria, onde ações como esta são completamente normais.

Mas não é só dentro de campo que isso acontece, aparentemente os comentaristas também entraram nesta onda. Empurrados por “ex-jogadores- jornalistas” que nunca foram exemplo dentro do gramado, os agora “formadores de opinião” colocam o errado como certo e simplesmente se calam quando expostos.

Quanto a nós resta apenas uma discussão incompleta e o silêncio dos que deviam decifrar o mundinho da bola.

Cristina Esteche

Jornalista

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