22/08/2023

Hipócrates, os médicos, os cubanos e a hipocrisia

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“Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.” (Juramento de Hipócrates)

Não vou generalizar a classe médica, mas este comentário é necessário.

O caso de um médico preso em Cascavel por apenas bater o ponto em uma Unidade Básica de Saúde e ir atender em seu consultório médico traz à tona a dura realidade da Saúde no interior do Estado e do País.

Esse fato não é um caso isolado. Tenho conversado com muitos prefeitos de toda a região e a situação é praticamente a mesma. Se as administrações não se renderem às exigências dos médicos, eles simplesmente fazem a mala e vão para outro lugar, que seja mais lucrativo.

Com o passar dos anos, o Juramento de Hipócrates foi rebatizado de hipocrisia, pois todos sabem que é apenas uma solenidade, um peça da formatura que não será cumprida.

Agora, com a chegada dos médicos cubanos, venezuelanos, colombianos e chilenos, a situação começa a gerar constrangimento. Os “novos” médicos têm também uma nova visão (que pra eles é secular) sobre a Medicina e o atendimento aos humanos.

Os “novos” médicos vão tocar as feridas de quem procura saúde, e não apenas oferecer medicamentos e dispensar o paciente. Eles vão buscar a cura, o melhor atendimento. Vão humanizar. Vão conversar. Vão ouvir. Vão entender a situação dos pacientes.

E o dinheiro? Que dinheiro? Pra eles isso (o dinheiro) é apenas uma necessidade de subsistência.

Os “novos” médicos não têm pompa, não querem status, não têm carrões e, principalmente, não têm a ambição de ter esses bens materiais ou necessidade de sentimento de poder (status).

O choque está se concretizando. Onde isso vai terminar? Faço minha aposta, mas por enquanto guardo ela comigo.

Repito: não estou generalizando, mas ainda espero que o Juramento de Hipócrates deixe de ser uma mera formalidade.

Cristina Esteche

Jornalista

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