22/08/2023

Podem me explicar o que está acontecendo?

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Inocentes ou culpados, vítimas ou vilões, o fato é que Zé Dirceu, Genuíno e Delúbio Soares conseguiram fazer de suas prisões uma pirotecnia política, nos moldes do que o togado Joaquim Barbosa promoveu ao sentenciá-los à prisão. A mão erguida, punho cerrado, símbolo de resistência, o gesto do injustiçado, do guerreiro que continuará a lutar por “justiça”. A fuga de Pizzolato, outro condenado, transformando-se no indicativo de que alguma coisa poderá mudar no julgamento, uma possível reversão de pena, um exagero da Suprema Corte no Brasil que a Itália, berço do Direito Romano, demonstraria para desmontar a “farsa do julgamento político”. A prisão antecipada dos réus, apenados ao regime semi-aberto, mantendo-os por horas numa instituição prisional de regime fechado, para que a população tenha a certeza de que está se fazendo "mais do que justiça”, de que a punição aos malversadores do dinheiro público é severa e incondicional. E há, ainda, o gesto “humanitário” de Joaquianzão, ao conceder ao convalescente Genuíno o direito de cumprir a pena em casa ou no hospital.

Se me perguntarem, agora, quantos milhões de reais estão envolvidos nesta história, juro que não conseguiria responder. Não me lembro, e nem quis me atualizar, de quanto foi o rombo no erário federal, quem pagou quem, por que pagou, nem sei mais o número da ação penal desse caso. Sou um dito cidadão comum brasileiro e só sei que puseram atrás das grades dois ex-ministros, deputados, gente graúda do sistema financeiro. E que no ano que vem tem eleição presidencial no Brasil e que tem outros “mensalões”, de partidos contrários aos nossos ilustres presidiários, pipocando nas hostes judiciárias. Enfim, vai ter tanta versão, tanto juridiquês, tanto diz e desdiz, que estou me lixando para tudo isso.

Eu, brasileirinho da silva, não consigo e não quero entender por que tinha mais deputado e senador visitando o Zé, o Genuíno e o Delúbio, que quase mudaram a sede do Congresso Nacional para o Presídio da Papuda. Visita de preso comum, do zé ladrão de galinha, precisa tirar senha e entrar na fila da revista, ficar de cócoras pelado. Quem vai revistar um deputado, um senador, ou dizer “seo dotô, pega a senha”?  Como! Não estávamos falando de rigor na Justiça agora pouco? Cá para nós, esses são os "caras", olha só quanta força, que movem montanhas (de deputados e senadores) de lugar. 

Cumpre-se a pena antecipadamente, desde já, o processo não entra no fervo da disputa eleitoral, é regime semi-fechado, só vão dormir na cadeia, e comandam o jogo político com a mesma influência com que Beira-Mar e outros delinquentes de grosso calibre manipulam o crime nesse Brasil afora. A conversarada é tamanha, que eu, assalariado do Brasil & Cia. Ilimitada, só entendi que um é preso político e o outro, os Beira-Mar da vida e da morte, pecaram por não serem políticos. E que tem um cara solto, anunciando aos quatro ventos que vai provar inocência e que, se inocente restar provado, toda essa balbúrdia não serviu absolutamente para coisa alguma. Ia esquecendo da Dilma, nossa presidenta da República: ouvi ela dizer que não tem nada a ver com essa história e que é candidata à reeleição.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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