Noite mal dormida, pois além de deitar às 3h da manhã e ter levantado às 8h da manhã para viajar, na madrugada havia uma festa e os gritos e música não me deixaram repousar. As 9h da manhã já estava navegando pelo mar de asfalto e chegando em Mendoza. Busquei a concessionária Honda para fazer algumas revisões na moto. Fui super mal atendido. A diferença da qualidade de serviço brasileira para a argentina foi muito brusca, devido as minhas bagagens não quiseram realizar o serviço porque disseram dar muito trabalho. Tive que buscar um mecânico particular o qual também não queria meter a mão na moto, mas com muito custo encurtou minha correia para poder chegar até Santiago e resolver meus problemas mecânicos.
Já era meio dia quando continuei minha viagem e tomei uma rota diferente ao que deveria ter tomado, no sentido à Uspallata. Quando começo a subir a cordilheira, o asfalto desaparece e a estrada sem pavimento toma conta. Como o caminho é muito lindo, continuo por ele e me impressiono com as belezas deste lugar. Nenhuma alma vivente neste caminho, somente eu e Deus.
Pelo caminho observo que meu combustível não vai ser suficiente para chegar até Uspallata, assim começo a economizar para poder chegar o mais próximo possível do posto de combustível. Já com o combustível abaixo da linha vermelha consigo terminar de subir a cordilheira e lá de cima enxergo ao longe o povoado de Uspallata. Chego ao único posto da região, desta vez me abasteço bem. Continuo minha viagem rumo ao Chile.
Inicio novamente a subir a cordilheira, sempre deslumbrado com as paisagens que há mais de 8 anos não via. Lugares tão lindos que fizeram parte da minha infância e que hoje me lembram de excelentes momentos vividos em família, como Puente del Inca, os tuneis pelo caminho, mais o momento que mais me marcou foi a chegada no pedágio antes de cruzar o túnel Cristo Redentor. Foi o local em que passamos em família a virada do ano, sem luzes, festas ou foguetes. Apenas nós e a beleza natural Andina que nos rodeava. Apesar deste momento de reflexão, logo a alegria me encheu o coração e comecei a cruzar o túnel em que muitos gritos e lágrimas de alegria já haviam rolado pela face do meu pai ao voltar para sua amada pátria. Na metade do túnel estão as duas bandeiras, a argentina delimitando o fim de seu território e a chilena demarcando o inicio do território chileno.