Brasília – A liberação de R$ 107,5 bilhões para o Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010, anunciado pelo governo, não é suficiente para atender todas as demandas do setor, mesmo sendo 37% superior ao anterior. A avaliação é do deputado Cezar Silvestri (PPS-PR), que é membro da Comissão de Agricultura da Câmara. Ele estima que seria necessário, pelo menos, R$ 150 bilhões para financiar próxima safra agropecuária.
“O valor prometido pelo governo é razóavel, mas o maior problema é a garantia de que esses recursos vão chegar de fato aos produtores rurais”, exclamou Silvestri. De acordo com o parlamentar, a liberação dos financiamentos esbarra nas instruções do BC (Banco Central), que dificulta o acesso ao dinheiro para os produtores que estão em débito ou renegociaram antigas dívidas.
“Justamente os que mais necessitam acabam não tendo acesso ao crédito”, disse defendendo a desburocratização dos procedimentos de liberação de crédito pelo BC. “Esse é o grande gargalo que vai prejudicar não só quem está negociando dívidas como também os que tiveram frustração na safra passada”, alertou.
O deputado criticou ainda o fato de que as exigências para liberação de recursos públicos destinados ao setor agropecuário são muito complexas, impedindo que o valor disponível no plano chegue aos produtores. “Para poder plantar, terão de buscar dinheiro em cooperativas ou emprestar de empresas de trading, que trocam insumos por produtos a preços abaixo do mercado”, explicou Silvestri, cobrando mais flexibilidade do BC no acesso ao crédito para os produtores inadimplentes ou em processo de negociação de dívidas.
Com a dificuldade de obter financiamentos seja público ou privado, Silvestri prevê um recuo da produção agrícola no país na próxima safra.
Política agrícola
O deputado criticou o Plano Agrícola e Pecuário por não estabelecer uma política específica para o setor. “Preço mínimo de produtos, seguro de renda e crédito abundante são a base de uma política agrícola que, infelizmente, não estão contemplados no plano”, lamentou. Para ele, o discurso do presidente Lula para o setor é contraditório com a prática adota pelo governo, porque ao mesmo tempo que ele pede aos produtores que plantem não consegue dar garantias para que isso ocorra efetivamente. Maior voluma de crédito para o plantio e as restrições ambientais, segundo ele, são os maiores empecilhos.