22/08/2023

Ivo Rodrigues e Sérgio da Matta, inédito

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Naqueles dias em que você quer ficar longe dos números, estatísticas, de qualquer raciocínio cartesiano, deixar se levar pelo sentimento, como uma folha ao vento, deparo-me com Sérginho da Matta e Ivo Rodrigues. O Sérginho já tinha falado desse encontro, que um dia o Ivo Rodrigues chegou ao seu estúdio de gravação, perto do quartel do 26º GAC, atendendo a um convite antigo para gravarem juntos. Ivo trazia uma música inédita. 

Não me perguntem quando foi porque não sei ou não lembro. Quero ficar no coração, e não nos números. Para não fugir ao estilo jornalístico, digo, com precisão, que o encontro foi antes do Ivo falecer – e também não quero me lembrar quando foi isso, mesmo porque depois que vocês ouvirem a música que está no link, ao final deste artigo, certamente vão sentir que o Ivo do Blindagem continua entre nós. 

Sérginho diz que foi a última música que Ivo gravou. A obra deixa latente o estilo que marcou a carreira deste grande roqueiro paranaense, com a levada do rock rural, pendendo para o folk em suas origens. 

A letra é tocante: "Vento, ouço você chamar / Folhas, caem dos olhos teus / Corro, mas não posso chegar / Homem, não me faz acordar / Foi num sopro que fui ver o  mundo, numas estrelas coloridas voei / Senti o teu sorriso, no meu sonho, no verde luar de Platão, encontrei a luz, encontrei a luz / Asas, porque vais me deixar / Homem, não me faz acordar"

Parece que estou vendo Ivo chegar com seu sorriso e com os cabelos esvoaçantes. A última vez que o vi, foi num barzinho em Curitiba perto do Cemitério Municipal. Estava com meu primo Bonifácio Céspedes, o Boni. O Ivo, pra lá de Bagdá. O câncer no fígado quase o impedia de andar. Ele comentou comigo: vou ter que operar. Falava sorrindo. Foi dar uma "palhinha" interpretando Beatles, cantava com sorriso nos lábios, escondendo a dor.

Desculpem-me, sentimental eu sou. Portanto, voltemos ao trabalho produzido com o Sérgio da Matta, na gravadora "Gravobem". Ivo Rodrigues nos traz sua gaitinha de boca inconfundível, o violão acústico. Deixa transparecer que está sem força, desafina nos tons mais agudos. A voz rouca, é o que fica.

A mensagem que permanecerá: "Foi num sopro que fui ver o  mundo, numas estrelas coloridas voei "…

Clic no link abaixo para ouvir a música no You Tube. No mesmo audio, outras obras de Sérginho da Matta, com a participação de Ivo Rodrigues no vocal.

http://youtu.be/ieCXq7KESqo

Cristina Esteche

Jornalista

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