A rua se transforma em Tribunal do Júri, um poste em lugar para o réu e as pessoas, ao mesmo tempo, em juízes e promotores. Alguns assumem, anonimamente, o papel da defesa, mas se mantém calados perante a frieza do julgamento. Parece que a população desamparada pelas leis institui o mais primitivo sistema de julgamento: olho por olho, dente por dente, ou seja, a Lei do Talião.
É essa voracidade de fazer a justiça com as próprias mãos que está mostrando homens e mulheres revelando o instinto animal de cada um. Aliás, como diz Herman Hesse, o homem é o lobo do próprio homem. Ou seja, o único animal que ataca e destrói a própria espécie.
As notícias diárias tem mostrado homens de todas as idades amarrados em postes e sendo atacados por outros por terem furtado, roubado, agredido.
A morosidade da justiça, o desaparelhamento da segurança pública no País, entre outras carências de políticas públicas que ataquem o mal pela raiz, a impunidade de “homens que detêm o poder” nas mais diversas esferas de governo, que furtam, que roubam, que vilipendiam à luz do dia sem que nada lhes aconteça, revolta a população ao ponto de, sob o meu ponto de vista, atacar o mais fraco, aquele que está mais próximo, e o prejudicou de alguma forma.
A confiança do povo nos poderes constituídos escapa pelos vãos dos dedos de políticos a cada promessa que não é cumprida, a cada negligência, a cada arbitrariedade. O povo está cansado e para sobreviver, para defender o que conseguiu às suas custas, e sabe lá como, desperta a cada dia o instinto selvagem. E o que é pior: o único ser racional que habita a terra está perdendo a razão. E motivos para que isso aconteça é o que não faltam.