Sei que não tem nada a ver com esporte, mas o assunto é pertinente então vamos lá…
O que eu vou fazer com esta tal liberdade?
Não, não vamos falar de pagode, mas o trecho de uma das musicas mais populares deste estilo musical representa bem o que o nosso país vive.
Somos filhos de uma geração que verdadeiramente lutou pela liberdade. Uma geração que há 50 anos sofreu com um golpe e uma ditadura militar opressora e violenta, que foi às ruas e exigiu as “Diretas Já” e voltou triunfalmente a respirar o ar da democracia. Como filhos desta geração também defendemos e lutamos por liberdade.
Como um monstro que e move pelas sombras, as lembranças da ditadura seguem bem vivas em nossas memórias e qualquer risco de mudança mais radical é rechaçada pelos teóricos da conspiração com o temor de que regimes ditatórias voltem a acontecer. É só olhar, basta algum projeto assistencialista do governo para já se falar em socialismo ou ditaduras de esquerda. Da mesma forma é só dar voz a um político de extrema direita, ou se falar em defesa de valores para temermos uma ditadura de direita, como a dos militares.
Se ainda luta-se para manter a democracia e garantir o direito de escolha por meio do voto, nossa geração também briga- por novos direitos e liberdades: liberdade de expressão, de imprensa, política, partidária entre outros. Mas será que sabemos realmente sabemos o que fazer com essa tal de liberdade.
Por mais que sejam criticadas, estas liberdades existem e talvez apenas não saibamos como usá-las.
Fala-se em liberdade política, porém cabalmente acabamos elegendo os mesmos ultrapassados coronéis da política nacional e não surpreendentemente sempre os mesmos grupos e partidos estão lutando pelo poder.
Reclama-se do posicionamento dos veículos de comunicação e das censuras de suas linhas editoriais. Contudo, acabamos sempre presos ao mesmo veículo e somos incapazes de mudar de canal, entrar em outro portal ou comprar um novo jornal. Dentro desta maravilha tecnológica chamada Internet, temos acesso a todo o tipo de informação e opinião com diversos tipos de posicionamento, basta-se apenas o interesse de abrir a mente para novas opiniões.
Outro ponto relevante é a liberdade feminina, algo que vem sendo discutido desde o começo do século e hoje conta com avanços relevantes. Porém, mesmo assim boa parte das mulheres acredita que o tipo de roupa que usa “autoriza” um homem a estuprá-la, como revela a pesquisa do IPEA *. Algo totalmente contra-mão a aquilo que o movimento feminista luta há anos.
Obviamente sou contra regimes autoritários e ditatórias, seja ele de direita ou esquerda, e a favor de uma liberdade maior em vários setores. Porém, devemos observar de antemão as conquistas que já alcançamos e aproveitá-las e comemorá-las.
Viva a liberdade ou viva por ela.
*65% dos entrevistados ( entre eles mulheres) de uma pesquisa realizada pelo IPEA concordaram totalmente ou parcialmente com a afirmação “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas" Leia mais aqui