Da redação com assessoria
A discussão sobre a falta de engenheiros para atender o mercado brasileiro ganhou visibilidade, na quarta-feira (21), em audiência pública, na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado Federal. O representante da FNE, Florentino de Souza Filho, participou do debate reconhecendo a carência da capacidade técnica de engenheiros na realização de projetos e obras de engenharia.
Para ele, não há valorização do profissional nos âmbitos público e privado. “A falta de qualidade técnica encontrada em obras por todo país ocorre porque, no momento em que o Brasil deixou de investir na infraestrutura nacional, os profissionais mais qualificados tiveram de mudar para áreas que eram mais bem remuneradas”, afirmou.
Florentino reclamou do descumprimento, por parte das empresas privadas, da Lei 4.950-A/66, que estabelece o piso de 9 salários mínimos para os engenheiros e da discrepância de salário entre profissionais diferentes no setor público. “É inadmissível que o poder público remunere com R$ 20 mil o advogado e com R$ 2 mil o engenheiro do seu quadro. Isso está espalhado em todos os âmbitos do poder público”, criticou.
Outro ponto destacado pela entidade foi a ampliação do contingente de engenheiros formados no país como medida essencial ao desenvolvimento. “Há vagas para engenheiros no mercado de trabalho, mas nós não temos leis eficazes que garantam uma valorização financeira digna e justa. Faltam engenheiros porque eles estão fora de suas atividades de origem”, enfatiza.
Florentino apontou também a necessidade de investimentos em capacitação, a exemplo da iniciativa da federação, com a criação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), que terá, a partir de 2015, a primeira graduação em Engenharia de Inovação do Brasil. Para a entidade, é fundamental ainda estabelecer uma engenharia pública, que assegura assistência à população de baixa renda, e instituir planos de carreira que estimulem o profissional a se manter no serviço público.
Outros motivos destacados pelos palestrantes como causa da deficiência de projetos e obras no país foram a complexidade do processo licitatório e a ausência de planejamento estratégico. Além disso, os especialistas concordaram que o Regime Diferenciado de Construção (RDC), o sistema de licitação simplificada criado para as obras da Copa do Mundo, é uma boa alternativa para resolver muitos dos problemas apresentados, mas afirmaram que a discrepância de preços nas obras das arenas ainda é gigante.