22/08/2023

Viva o Polaco Hermes Kaminski

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Pego emprestada a foto do Facebook do publicitário Sílvio Küster, guarapuavano dos bons que está lá nas Goiânia. A imagem é do Polaco. Cara de personalidade, tinhoso, crítico, cheio das preciosidades. É, velho Hermes, a vida é assim, uns vêm, outros querem continuar ficando, porque a vida realmente é boa e você foi mais uma demonstração de que só vale a pena, quando é bem vivida. Hermes Kaminski, 63 anos, tinha alma de músico, jornalista, publicitário. Era um criativo. Enxadrista de mão cheia. Um intelectual que nunca conseguiu dar vazão a todo o turbilhão que movia o seu interior, um questionador arguto, com conhecimento e capacidade para se adaptar a qualquer situação. Obrigava-se a trabalhar como vendedor de imóveis, assistente não sei do quê, mas, convenhamos, a "vibe" do Polaco era mesmo a estratégia e a criação.

Hermes fez parte daquela geração de guapuavanos das décadas de 70/80 que agitaram a cidade do tradicionalismo gáucho com o rocks dos "Monzas", grupo musical dos saraus no "Operário". Escreveu para jornais, entre eles, a "Tribuna de Guarapuava", semanário que tive a honra de administrar. Era um dos colunistas do "Caderno 2", porque era esta a sua especialidade – a cultura. Discutir política com o Polaco não era uma tarefa muito fácil. Tinha argumentos sólidos, coerentes. Era ferino. E se fosse numa mesa de baralho, uma de suas paixões, tudo era melhor se regado a uma boa vodca. Um polaco, digamos, verdadeiro. 

Pois é. No dia do velório do meu mano Tuto, grande amigo seu, Hermes se queixou: não estou bom. Lá se vão quase dois anos. Que graça teria a vida para esses caras, tipo Tuto, Hermes, sem a roda de amigos, da alegria? Meu sistema é oposto, sou natureba total, mas o sentimento que essas pessoas trazem para perto de nós, de amorosidade, companheirismo, olho no olho, abraço amigo, torna o resto tão minúsculo, insignificante. Confesso, eu que não bebo, que sou vegetariano: quando chego em Guarapuava, não tenho como não ir no Senadinho, na maior e mais autêntica confraria de irmandade que conheço, sem dogmas, sem códigos, sem pobre ou rico, sem lhufas nenhuma.

Que saudades vou ficar do meu grande amigo Hermes Kaminski. Que felicidade meu irmão Tuto deve estar, ao receber, no Céu, um companheiro de todas as horas. Viva a amizade. Viva o Senadinho. Viva o Tuto. Viva o Polaco Hermes! 

Cristina Esteche

Jornalista

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