Charuto, a paixão em tudo

Dois ícones do rádio em Guarapuava são perenes em minha memória. Um é o Nikon Tembil, que, além do vozeirão, tinha um texto carregado de humor e emoção. Outro é o Charuto, profissional que tinha laços nos meios católicos, era conhecido aos montes no meio do povão e seus comentários mesclavam notas de aniversário e falecimentos. Eram cronistas do cotidiano, exerciam uma comunicação direta com o público, dominavam como poucos as peculiaridades da radiofonia interiorana.

Edgar Lippmann lutou contra o Mal de Alzheimer durante anos e agora, há duas semanas, sofreu AVC e faleceu no amanhecere deste domingo 25. Missão muito bem cumprida para um homem de 86 anos, pai de família, profissional dedicado (era despachante) e incisiva atuação nos meios sociais, esportivos, religiosos e políticos (foi vereador pelo PTB). Adotou o apelido de Charuto, pelo porte baixo, atarracado. Era um gigante em suas convicções.

Casado com dona Aparecida, teve três filhos: Edgar Jr (desembargador), Edmar (professor de educação física, ex-secretário municipal de Esportes) e Eglecy (professora de música e arte/educação). 

lém da família e da devoção católica, o futebol era sua outra paixão. Domingo eram manhã na missa, tarde no campo, comentando, narrando. Integrou as antigas equipes esportivas da Cultura e da Difusora, que faziam transmissões em condições penosas, tudo por puro prazer ao esporte. Viajavam com o próprio carro, colocavam gasolina do bolso, enfrentavam no peito as torcidas adversárias nas transmissões fora. Sei que hoje não é muito diferente, mas, lá atrás, eram tempos outros.

Charuto teve uma vida exemplar. Entra para a galeria da história, onde estão Nikon Tembil, Lustosa de Oliveira, Algaci Justus e outros nomes que merecem ser melhor homenageados. Que falta nos faz um Museu da Imagem do Som, com uma ala específica para o rádio, para o jornalismo…