22/08/2023
Segurança

Em um ano, lei seca mostra resultados

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Guarapuava – Com um pouco mais de um ano em vigor, a lei seca que prevê maior rigor contra o motorista que ingerir bebidas alcoólicas já trouxe resultados positivos. O número de acidentes diminuiu, assim como os internamentos no Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com balanço divulgado neste mês pela Polícia Rodoviária, desde que foi sancionada no dia 19 de junho de 2008, o exame do bafômetro flagrou 14 mil motoristas embriagados ao longo dos 65 mil quilômetros de estradas federais. Do total, 9.000 foram presos em flagrante.
Ainda segundo o levantamento, nos primeiros seis meses da lei, 40 mil motoristas foram submetidos ao teste. Em 2009, cerca de 320 mil condutores já fizeram o teste do bafômetro. Entre 20 de junho de 2008 e o último dia 16, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou uma redução de 2% no índice de mortes e de 3% no total de acidentes com mortes. O número de colisões e de feridos, no entanto, aumentou em 7% e 4%, respectivamente.
Para a PRF, a lei seca mudou o comportamento do motorista. Em junho do ano passado, era registrado um flagrante de embriaguez a cada seis testes realizados. Atualmente, é feito um flagrante a cada 40 testes.
Em Guarapuava, segundo relatório do Pelotão de Polícia de Trânsito (PPTran), em 2008 foram registrados 143 ocorrências de embriaguez ao volante, sendo que neste ano, de janeiro a maio, o número chegou a 107.
Para o comandante do PPTran, Clever Anaczewski, o número deste ano foi maior estatisticamente devido a dois fatores principais: em 2008, o Pelotão de Trânsito esteve por vários meses com a sua totalidade de bafômetros comprometidos em Curitiba, no intuito de serem aferidos pelos órgãos competentes já que o prazo de validade ter expirado. Outro motivo seria um reforço do efetivo.
“A formação de novos profissionais no 16º BPM contribuiu pra que a fiscalização fosse intensificada consideravelmente, o que estatisticamente reflete no maior número de condutores flagrados sob efeito de substância alcoólica”, observa Clever.
De acordo com ele, como consequência positiva, o número de acidentes com feridos e sinistros classificados como graves diminuíu 11%, “em que pese o total geral ter aumentado”.
São computados como acidentes de trânsito desde sinistros de grande monta, conhecidos como graves, até simples “esbarrões” de parachoques, uma vez que devidamente registrados junto ao Pelotão de Trânsito.
Para Altair Bonassa, coordenador operacional do Guaratran, a repercussão da lei seca foi positiva. “Muitos motoristas tiveram consciência de não transitar com o veículo ao ingerir bebida alcoólica, mas em compensação também houve situações com notificações, apreensões e motorista acionado criminalmente por exagerar no consumo de álcool”, conta.
Segundo Bonassa, mesmo sem um bafômetro se torna possível o controle, já que a legislação permite registrar a infração sem o uso do aparelho, com base apenas na suspeita de embriaguez. “Só não acionamos o motorista criminalmente porque essa parte exige documentação”, diz.

Saúde
Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de internações no SUS (Sistema Único de Saúde) provocadas por acidentes de trânsito nas capitais brasileiras caiu de 105.904, no segundo semestre de 2007, para 81.359, no segundo semestre de 2008.
O governo apontou como outro “impacto positivo” da lei seca a redução do número de mortes relacionadas a acidentes de trânsito — 3.519 no segundo semestre de 2007 contra 2.723 no segundo semestre de 2008.

Lei seca
A lei seca, que prevê maior rigor contra o motorista que ingerir bebidas alcoólicas, foi sancionada, no dia 19 de junho do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A nova lei torna ilegal dirigir com concentração a partir de dois decigramas de álcool por litro de sangue. A punição para quem descumprir a lei prevê suspensão da carteira de habilitação por um ano, além de multa de R$ 955 e retenção do veículo.
A suspensão por um ano do direito de dirigir é feita a partir de 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro (ou 2 dg de álcool por litro de sangue). Acima de 0,3 mg/l de álcool no ar expelido (ou 6 dg por litro de sangue), a punição inclui também a detenção do motorista (de seis meses a três anos).

Cristina Esteche

Jornalista

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